Exclusão- I

Derivada de “ex” (fora de) e “claudere” (fechar, delimitar), a palavra faz referência a algo que se encontra à margem de uma realidade na qual deveria estar incluída. Trata-se de um género de relação, considerado defeituoso ou anormal, entre as pessoas ou grupos e as instituições sociais. Reporta-se a uma específica identidade entre o indivíduo e os organismos. Quando aquele se coloca ou é colocado de parte, fala-se de exclusão. Se a pessoa se integra no sistema e assume como sua uma identidade social de boa coexistência com as instituições, diz-se que existe inclusão. Este binómio pessoa/instituições refere-se a todos os âmbitos: economia, cultura, ensino, convívio social, ao domínio da língua usualmente falada, etc. Mas pensemos nas religiões. O esquema dual da inclusão/exclusão é útil para julgar as relações no interior de um grupo. Por exemplo, o afrouxamento dos laços de pertença à Igreja Católica, no Ocidente, levanta a questão: será que os leigos estão suficientemente integrados? Que fazer para que sintam a Igreja como efetivamente sua e se responsabilizem por ela? Porém, a interligação entre os grupos é mais complicada. Vejamos as religiões. A relação entre elas costuma acontecer sob um tríplice modelo: ou a inclusão de outras perspetivas na dominante é forçada e estamos perante o fundamentalismo; ou se toleram as sociologicamente menos relevantes, mas, na prática, acabam por se excluir do jogo social, o que conduz a situações semelhantes à anterior; ou se adota uma atitude dialógica pluralista que pressupõe o seu reconhecimento e o apreço pelas “sementes do Verbo”(S. Justino) ou embriões da verdade. Evidentemente, em cristianismo, só esta última perspetiva é válida. Ao longo da história, já adotamos todos estes arquétipos. A Inquisição, por exemplo, embora começasse por ser um fenómeno político, acabou por empurrar a Igreja para atitudes persecutórias em relação a quem não pensava como nós. Como vemos ainda hoje na cena internacional, os regimes totalitários costumam favorecer a religião dominante em função da coesão social. E as outras eclipsam-se. Fica-nos, apenas o último modelo: o dialógico. O Vaticano II adotou-o e a Igreja contemporânea vive-o convictamente. É que o cristianismo é integrador por natureza. Pelo menos, vê a exclusão como pecado e pecado grave.

Solenidade de Pentecostes

Cinquenta dias depois da Páscoa da Ressurreição do Senhor, celebramos neste Domingo a Solenidade do Pentecostes, que comemora a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, festa que encerra o Tempo Pascal. A Palavra de Deus tem como tema principal o Espírito Santo, Aquele que “…é o Senhor que dá Vida e procede do Pai do Filho; e como o Pai e o Filho é adorado e glorificado”, como professamos em todos os Dias do Senhor. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, continua a ser um desconhecido para muitos dos que professam a fé cristã. Uma parte dos cristãos reconhece o Deus Pai, relaciona-se com Deus Filho, Jesus Cristo, mas nem todos sentem a presença e a acção do Espírito Santo e a importância que Ele tem nas suas vidas. O nosso Deus é um Deus uno e trino, ou seja, um só Deus em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Assim, o Espírito Santo é Deus com o Pai e o Filho, e como o Pai e Filho recebe a mesma adoração e glória. Por isso, rezamos na oração da Glória: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito, como era, no princípio, agora e sempre. Amém. Como relata a Sagrada Escritura, o Espírito Santo foi revelando a sua presença e manifestando a sua acção em momentos determinantes da História da Salvação: na criação, pairando sobre as águas, como força criadora de Deus, nas pessoas que foram decisivas para a condução do Povo de Israel, designadamente os patriarcas, profetas e reis, guiando a sua missão, em Maria, quando pelo seu poder Jesus Cristo foi concebido e no baptismo do Jordão, quando desceu sobre Jesus. Hoje, o Espírito Santo, prometido por Jesus e a quem designou como o Paráclito (advogado, defensor, consolador), continua a revelar a sua presença e a manifestar a sua acção. Ele veio em Pentecostes para ficar para sempre na Igreja e para habitar e agir no coração de todos os que creem em Jesus Cristo. Ele é quem ajuda a compreender os mistérios da fé e a discernir qual o caminho a seguir para que seja feita a vontade de Deus. I Leitura (Act.2,1-11) A primeira leitura começa por nos relatar o facto de os discípulos estarem reunidos no mesmo lugar, quando o Espírito Santo manifesta a sua presença, sob a forma de vento e de línguas de fogo que descem sobre cada um deles. Esta narração do Pentecostes no livro do Actos dos Apóstolos pretende ser uma catequese aos cristãos da Igreja primitiva que começavam a ter dúvidas sobre a sua adesão e fidelidade a Jesus Cristo. Na sua catequese, S. Lucas usa imagens e símbolos que não podem ser interpretados literalmente, mas têm de ser percebidos para que seja entendida a mensagem fundamental que o autor transmite neste texto. Lucas coloca a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, festa judaica em que se comemorava a dádiva da Lei e a constituição do Povo de Deus, sugerindo que o Espírito é a lei da nova Aliança e que é por Ele que se forma a comunidade nova do Povo de Deus. Além disso, utiliza simbolicamente o vento e o fogo, elementos característicos da manifestação de Deus no monte Sinai e que representam a Sua força, e a forma como o Espírito desceu, a língua de fogo. A língua é elemento de comunicação, pois é através da linguagem que nos relacionamos uns com os outros, que criamos a possibilidade de vivermos unidos e em comunhão. Esta vinda do Espírito Santo, conforme havia prometido Jesus Cristo (“…mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas (…) até aos confins da terra”), transforma radicalmente os discípulos, capacita-os e dá-lhes a força de Deus para começarem a missão de anunciar o Evangelho a todos os povos, dando assim início à actividade evangelizadora da Igreja. Este texto define claramente o que é a Igreja e qual é a sua missão: comunidade do Povo de Deus reunida à volta de Jesus Cristo e animada pelo Espírito Santo, cuja missão primordial é a de fazer o anúncio do Evangelho a todos os homens. II Leitura (1Cor 12,3-7.12-13) Paulo dirige-se à comunidade de Corinto, uma comunidade em que havia muitas divisões, para transmitir que é pela presença e acção do Espírito Santo que tudo se realiza. De facto, é necessária a sua presença e acção para compreender e fortalecer a fé em Cristo – “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor a não ser pela acção do Espírito Santo”. Paulo também nos diz que há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo, há diversidade de actividades, mas é Deus que realiza tudo em todos, a fim de nos fazer compreender que os dons, ministérios e actividades provêm do Espírito Santo de Deus, são todos necessários e importantes, devendo, por isso, ser acolhidos como uma graça e colocados humildemente ao serviço da comunidade. Tomemos consciência de que todos somos membros do Corpo de Cristo e todos recebemos a mesma dignidade pelo Baptismo, para que, nas nossas comunidades, a união com Cristo e com os irmãos seja a melhor prova de fé e de autêntica unidade cristã. Evangelho (Jo 20,19-23) No domingo da Ressurreição, quando os Apóstolos se encontravam fechados, em casa, com medo dos Judeus, Cristo Ressuscitado apareceu no meio deles e disse-lhes: “A Paz esteja convosco”. Esta paz de Jesus Cristo não é a paz que o mundo dá, é a paz messiânica prometida, a verdadeira paz, aquela que traz confiança e alegria. E depois de ficarem cheios de paz e alegria, Jesus Cristo envia-os para testemunhar no mundo o perdão que Deus oferece a todos os que se convertem. Em seguida, sopra sobre eles a plenitude do Espírito, o que faz recordar o sopro de Deus na Criação, tornando-os participantes do mesmo Espírito, para que pela Sua acção possam ser continuadores da missão de Jesus

Concerto Mariano

Realiza-se no dia 3 de Junho, às 21H30, na Igreja de Ramalde, um Concerto Mariano, no qual serão apresentadas diversas versões musicais da oração “Ave Maria”. O concerto terá a intervenção dos seguintes grupos: CCR – Coro do Colégio do Rosário RCC- Rosário Coro de Câmara A-K’ – Grupo vocal acapela Orquestra Orff Todos estão convidados a associarem-se a este momento de oração mariana.

Ninguém sabe o dia de amanhã!

O tema não é novo. Arrisco-me a dizer que chega a ser um assunto já demasiado mastigado. Que me perdoem os leitores mais assíduos. No entanto, falar do mesmo não parece estar a ajudar-nos a sair dos velhos ciclos, dos círculos viciados, das rodas do hamster do costume. Conhecemos bem o tema, mas continuamos reféns. Não sabemos o dia de amanhã. E, para nos lembrar desta verdade estonteante, a vida vai-nos deixando post-its em forma de lembretes. A doença de alguém querido. Um acidente inesperado. Um imprevisto que muda a vida a alguém. O rumo das coisas que, subitamente, se torce e nos faz rebentar as cordas que nos prendem aos dias. Seguimos pela vida como se fosse nossa para sempre. Como se não estivéssemos cá de passagem. Como se o mundo nos pertencesse para esta e para as próximas gerações. Já vai sendo tempo de aceitar a cruel e fria verdade: estamos cá emprestados. Não somos daqui. Temos uma oportunidade incrível para nos fazer valer a pena. Para fazer que os dias dos outros valham a pena também. E, o que me parece é que estamos a desperdiçar-nos, a desperdiçar a oportunidade e a beber de um copo que já não tem água alguma. Estamos aqui de passagem e ninguém sabe o dia de amanhã. Ninguém sabe se cá continua ou se foi hoje a última vez que se abraçou o filho. Se o aceno do costume se repetirá depois. Se o telefonema volta a trazer a nossa voz. Se o trabalho será o mesmo. Se os nossos estarão cá. Se a vida nos troca as voltas. Enquanto a vida não nos troca as voltas e os dias, aprendamos a viver como deve ser. Como quem sabe que o tempo é curto. Que tudo passa demasiado depressa e que, quando menos esperarmos, podemos já não estar cá para ver a festa que a vida pode ser. (© iMissio)

Intenções do Papa para o mês de Junho

Intenção – Pelas famílias Rezemos pelas famílias cristãs de todo o mundo, para que com gestos concretos vivam a gratuidade do amor e a santidade na vida quotidiana. Desafios Santidade na vida cotidiana “Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, e incorporado no caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação também no meio da acção, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão” (Papa Francisco). Faz o bem que está ao teu alcance, com alegria e com todo o teu coração. Escutar “Não nos esqueçamos de que o discernimento orante exige partir da predisposição para escutar: o Senhor, os outros, a própria realidade que não cessa de nos interpelar de novas maneiras. Somente quem está disposto a escutar tem a liberdade de renunciar ao seu ponto de vista parcial e insuficiente, aos seus hábitos, aos seus esquemas.” (Papa Francisco). Não decidas em isolamento: deixa que outros te interpelem. Pergunta a opinião dos membros da tua família. Ser responsável “O desafio é viver de tal forma a própria doação que os esforços tenham um sentido evangélico e nos identifiquem cada vez mais com Jesus Cristo” (Papa Francisco). Descobre no que é que podes ajudar a tua família e assume esse compromisso. Servir “Faz-se discernimento, não para descobrir como podemos tirar mais proveito desta vida, mas para reconhecer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Baptismo, e isto implica estar disposto a fazer renúncias até dar tudo” (Papa Francisco). No teu dia-a-dia, serves com pequenos gestos, sem queixas e sem pedir nada em troca? Amar gratuitamente “É verdade que não há amor sem obras de amor, mas esta bem-aventurança lembra-nos que o Senhor espera uma dedicação ao irmão que brote do coração, pois «ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me vale»” (Papa Francisco). Como vives o perdão na tua família? Perdoas e pedes perdão?