Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 15,1-10 Jesus nos revela como Deus vê as coisas: se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Na verdade, esse modo de pensar não é nosso: deixar as noventa e nove para procurar aquela que se perdeu, mas é o modo como Deus faz. Jesus nos conta isso com entusiasmo: Deus não quer perder nenhum de nós. Ele não quer perder você, por que você é filho, é filha! Não é apenas mais um ou mais uma na multidão: és precioso, és preciosa para Deus! Senhor, dá-nos o dom da reciprocidade para convosco, pois queremos amar-vos de todo coração! Palavras do Santo Padre A fé em Deus pede que renovemos todos os dias a escolha do bem em vez do mal, a escolha da verdade em vez da mentira, a escolha do amor ao próximo em vez do egoísmo. Aqueles que se converterem a esta escolha, depois de terem experimentado o pecado, encontrarão os primeiros lugares no Reino do Céu, onde há mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos (cf. Lc 15, 7). Mas a conversão, mudar o coração, é um processo, um processo que nos purifica das incrustações morais. E por vezes é um processo doloroso, porque não há caminho para a santidade sem alguma renúncia e sem combate espiritual. Lutar pelo bem, lutar para não cair em tentação, fazer o que podemos, para chegar a viver na paz e na alegria das Bem-aventuranças. […] A conversão é uma graça que devemos pedir sempre: “Senhor, concedei-me a graça de melhorar. Dai-me a graça de ser um bom cristão”. (Angelus de 27 de setembro de 2020)

Que esperança?

Vivemos dias de aflição à distância. Contemplamos com horror o que aconteceu em Valência e o nível de destruição sem precedentes a que o nosso país vizinho esteve (e ainda está) sujeito. Quando este tipo de eventos acontece há sempre um certo grau de incredulidade que nos assalta e, ao mesmo tempo, como que um alívio por não termos sido nós. No entanto, desta vez, é demasiado perto e demasiado evidente para ser possível fingir que não aconteceu. São cada vez mais estonteantes (e cada vez mais reais) as consequências das ações que a humanidade tem tido perante os que lhe são próximos e perante o planeta a que chamamos casa. Claro que quem paga o preço mais alto nunca são aqueles que tiveram a culpa maior. Mas já todos percebemos que o que afeta um ser humano acabará por afetar todos os outros. É preciso olhar com compaixão para todos os que foram obrigados a assumir um rosto de sofrimento enquanto a banalidade das suas vidas foi interrompida abruptamente. E é profundamente emocionante ver quantos se têm juntado para ajudar numa missão de reconstrução a todos os níveis que levará mais tempo do que todos gostaríamos. Nestes momentos de caos e de dificuldade ainda nos surpreende ver o quanto conseguimos colocar a nossa humanidade ao serviço do outro, o quanto é valioso o esforço comum em prol do bem de todos e o quanto ainda é possível sentir orgulho daquilo que somos como pessoas. Que não nos falte a humildade de compreender esta dor que atravessou Valência e que não nos falte a coragem para ajudar naquilo que estiver ao nosso alcance. Caso não nos seja possível ajudar de forma presente que possamos colocar o nosso coração e a nossa oração na vida de cada um dos que, neste momento, sofrem ainda. (© iMissio)

A oração é livre e poderosa, rezar com o coração e não com os lábios

Durante a Audiência Geral desta quarta-feira (06/11), o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo, destacando o aspecto santificador do Espírito através da oração. O Pontífice ressaltou que o Espírito Santo é ao mesmo tempo “sujeito e objeto” da oração cristã, indicando que Ele é Aquele que reza em nós e Aquele que é recebido pela oração: “Rezamos para receber o Espírito Santo e recebemos o Espírito Santo para podermos rezar verdadeiramente, isto é, como filhos de Deus, não como escravos. É preciso rezar sempre com liberdade. ‘Hoje eu tenho que rezar isto, isto, isto, isto, porque prometi isto, isto, isto. Caso contrário, irei para o inferno’. Não, isso não é oração! A oração é livre. Você reza quando o Espírito te ajuda a rezar. Você reza quando sente no coração a necessidade de rezar e, quando não sente nada, pare e se pergunte: ‘Por que eu não sinto vontade de rezar? O que está acontecendo na minha vida?’” O Espírito Santo e o clamor O Santo Padre sublinhou então a necessidade de orar para receber o Espírito Santo, citando a promessa de Jesus: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem” (Lc 11,13). Recordou que, da mesma forma, “cada um de nós sabe dar coisas boas aos pequeninos, sejam eles filhos, netos ou amigos. E assim o Pai não nos dará o Espírito também! E isso deve nos dar coragem para seguir em frente.” Segundo Francisco, o Espírito Santo é o único “poder” que temos sobre Deus: o poder e a força da oração. “A Igreja segue fielmente este exemplo: tem sempre nos lábios o suplicante ‘Vem!’ cada vez que se volta para o Espírito Santo”, afirmou o Pontífice, lembrando que na Missa a Igreja invoca o Espírito para santificar o pão e o vinho. Auxílio à nossa fraqueza Francisco também destacou que o Espírito Santo é quem nos ensina a verdadeira oração, como explica São Paulo: “Assim, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que é necessário pedir nas nossas orações; é o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26-27). Observou que, por nossa fragilidade, muitas vezes pedimos as coisas erradas e de maneira inadequada, mas o Espírito corrige nossa intenção e nos faz pedir segundo a vontade de Deus: “A oração cristã não é o homem que fala com Deus de um lado do telefone para o outro, não, é Deus que reza em nós! Rezamos a Deus através de Deus.” Nosso advogado e defensor Francisco destacou ainda que o Espírito Santo, como o “Paráclito”, é aquele que defende e conforta, não nos acusando, mas convencendo-nos do pecado para que experimentemos a misericórdia do Pai. Mesmo quando nosso coração nos acusa, o Espírito Santo nos lembra que “Deus é maior do que nossa consciência” (1Jo 3,20), proporcionando-nos paz e liberdade: “Deus é maior que o nosso pecado. Todos somos pecadores, mas pensemos: talvez algum de vocês – não sei – tenha muito medo das coisas que fez, medo de ser repreendido por Deus, medo de tantas coisas e não consiga encontrar paz. Coloque-se em oração, clame pelo Espírito Santo, e Ele lhe ensinará como pedir perdão. E sabem de uma coisa? Deus não sabe muita gramática, e quando pedimos perdão, Ele não nos deixa terminar a palavra ‘perdão’. Ele nos perdoa antes, nos perdoa sempre, está sempre ao nosso lado para nos perdoar, antes mesmo de terminarmos a palavra. Dizemos ‘Per…’ e o Pai já nos perdoa.” Rezar com o coração O Espírito Santo também nos ensina a interceder pelos irmãos, uma oração especialmente agradável a Deus por ser desinteressada, disse o Papa. Quando cada um de nós reza por todos, acontece – observava Santo Ambrósio – que todos rezamos por cada um; a oração multiplica-se: “Mas, por favor, não reze como os papagaios! Não diga ‘Bla, bla, bla…’ Não. Diga ‘Senhor’, mas diga com o coração. ‘Ajuda-me, Senhor’, ‘Eu Te amo, Senhor’. E, quando rezarem o Pai Nosso, rezem ‘Pai, Tu és o meu Pai’. Rezem com o coração e não com os lábios, não façam como os papagaios.” Francisco concluiu a catequese convidando todos a unir-se ao Espírito na intercessão pela Igreja e pelo mundo, especialmente durante o tempo de preparação para o Jubileu: “Que o Espírito possa nos ajudar na oração, da qual tanto precisamos”.

Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 14,12-14 Quando deres um almoço não convides teus amigos, nem teus vizinhos ricos. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Então, tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? O diferencial que Jesus quis para os seus discípulos é a gratuidade. Ela é de grande importância em nossos dias, em um mundo dominado pelo dinheiro e guiado compra e venda do comércio. A criação inteira, como saiu das mãos de Deus, segue a norma da gratuidade: dai e vos será dado, orientou Jesus a seus discípulos! Deus jamais vendeu algo para nós: nele tudo é gratuidade. Ele nos convida a fazer o mesmo! Palavras do Santo Padre «Quando ofereceres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não podem retribuir-te» (vv. 13-14). Trata-se de escolher a gratuitidade, em vez do cálculo oportunista que deseja alcançar uma recompensa, que busca o interesse e que procura enriquecer-se ulteriormente. Com efeito os pobres, os simples e aqueles que não contam nunca poderão retribuir o convite para uma ceia. Assim Jesus demonstra a sua preferência pelos pobres e excluídos, que são os privilegiados do Reino de Deus, e lança a mensagem fundamental do Evangelho, que consiste em servir o próximo por amor a Deus. Hoje Jesus faz-se voz de quantos não a têm, dirigindo a cada um de nós um apelo urgente a abrir o coração e a fazer nossos os sofrimentos e os anseios dos pobres, famintos, marginalizados, refugiados, derrotados da vida e daqueles que são descartados pela sociedade e pela prepotência dos mais fortes. E na realidade estes descartados representam a esmagadora maioria da população. Neste momento, penso com gratidão nos refeitórios onde tantos voluntários oferecem o próprio serviço, dando de comer a pessoas sozinhas, deserdadas, desempregadas ou desabrigadas. Estes refeitórios e outras obras de misericórdia — como visitar os doentes, os presos… — são escolas de caridade que propagam a cultura da gratuitidade, porque aqueles que aí trabalham são impelidos pelo amor a Deus e iluminados pela sabedoria do Evangelho. Assim o serviço aos irmãos torna-se testemunho de amor, que torna crível e visível o amor de Cristo. (Angelus de 28 de agosto de 2016)

Semana de Oração pelos Seminários

Mensagem para a Semana de Oração pelos Seminários 2024 do Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, D. Vitorino Soares, que é também bispo auxiliar do Porto e reitor do Seminário Maior do Porto. Entre 3 e 10 de novembro, decorre a Semana de Oração pelos Seminários. Uma semana especial, onde todos, comunidades, famílias e cada um pessoalmente, dá atenção a uma parcela da Igreja, que é imagem de um tempo e de uma nova realidade. Não é novidade para ninguém que há menos candidatos ao sacerdócio, menos seminaristas, menos seminários. Se os números criam impacto, pela negativa ou pela positiva, o lema proposto para este ano: “Que posso eu esperar”, situa-nos numa outra direção. Sem nos distanciarmos dos desafios, que muitas vezes nos levam a traduzir, a espera ou o esperar, por aguardar, estamos convidados traduzir a espera por esperança. Não esperar que aconteça, mas lutarmos e confiarmos que possa acontecer. Este é um movimento que o salmista constrói n’Aquele que é capaz de fazer acontecer, por isso, acrescenta o salmo 39: “a minha esperança está no Senhor”, num Senhor que não nos abandona. Todos rezamos, mas precisamos de nos empenhar, para que a Esperança traga mais vocações sacerdotais. Não desistimos, nem nos rendemos, diante da aridez que experimentamos. Daí que a nossa esperança tem que explorar novos formatos, novos acompanhamentos, novas possibilidades, um futuro novo para um tempo novo. Contamos com o Senhor Jesus, que nos ama e em quem colocamos a nossa esperança. É Ele que nos há de inspirar, que nos há de transformar e que entusiasmará mais jovens para este serviço ministerial na Igreja. Mas Jesus também conta com a nossa ambição e a nossa aventura, arriscando mais e percorrendo novos modelos, sem medo e com muita confiança. Se não esperamos nada, continuamos amarrados ao desânimo e à derrota. Tal estado impede de nos levantarmos e sobretudo não permite que muitos outros jovens queiram fazer a experiência de Seminário e encontrar no sacerdócio, o seu futuro e a sua esperança. Na catequese, nos acólitos, nos leitores, nos cantores, as comunidades não poderão provocar pessoalmente esta questão: “Que posso eu esperar?”. Agradecemos o contributo precioso e criativo da Arquidiocese de Braga, na oferta dos materiais para esta Semana de Oração pelos Seminários Diocesanos. Como Maria, a Mãe de Jesus, o jovem nazareno, não nos podemos demitir de fazer o possível, para que Deus faça o impossível. Como Maria esperamos, não como quem aguarda passivamente, mas como quem alimenta a esperança de que tudo pode acontecer, deixando-nos transformar pelas dificuldades. Que Maria, a Mãe de todos, cuide das nossas equipas formadoras e dos nossos seminaristas, sempre abertos à Esperança, que é Seu Filho, Jesus, mais forte que o desânimo e a indiferença. ORAÇÃO DA SEMANA DOS SEMINÁRIOS