Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 7,11-17 Entrando na cidade de Naim, Jesus se depara com um cortejo fúnebre: era de um jovem, filho único, de uma viúva. Uma grande multidão acompanhava o enterro. Ao ver a mãe do jovem, Jesus sentiu compaixão para com ela e lhe disse: não chores! E ao jovem: eu te ordeno, levanta-te! O morto se sentou e Jesus o entregou à sua mãe. Como viver este Evangelho no dia de hoje? Jesus sentiu compaixão daquela mulher. E sendo homem e Deus, ele fez aquilo que está em seu coração humano divino: Aproximou-se com compaixão de quem sofre. Encostemos o nosso coração ao de Jesus para que essa sintonia com ele nos ajude a ter compaixão de quem sofre. Palavras do Santo Padre Diante do jovem ressuscitado e restituído à mãe, «apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: um grande profeta surgiu entre nós: Deus dirigiu o olhar para o seu povo». Por conseguinte, quanto Jesus fez não é uma ação de salvação destinada à viúva e ao seu filho, nem um gesto de bondade limitado àquela cidadezinha. No socorro misericordioso de Jesus, Deus vai ao encontro do seu povo, n’Ele aparece e continuará a aparecer à humanidade toda a graça de Deus… A misericórdia, quer em Jesus quer em nós, é um caminho que começa do coração para chegar às mãos. O que isto significa? Jesus olha para ti, cura-te com a sua misericórdia, dizendo-te: «Levanta-te!» e o teu coração renova-se. O que significa realizar um caminho a partir do coração até às mãos? Quer dizer que com o coração novo, sarado por Jesus, posso realizar as obras de misericórdia através das mãos, procurando ajudar, curar muitos necessitados. A misericórdia é um caminho que tem início no coração e chega às mãos, isto é, às obras de misericórdia. (Audiência Geral de 10 de agosto de 2016)
Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 7,1-10 Um oficial romano que tinha um empregado à beira da morte, enviou alguns anciãos para pedir a Jesus a cura do seu empregado. Quando Jesus se dirigia à sua casa, enviou mensageiros: Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa, nem me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Trata-se de um homem humilde e de muita fé esse oficial romano. Disse nem me considerei digno de ir pessoalmente, mas o que disseres, eu acolho e acredito. Ele viu seu empregado ser curado e ainda foi elogiado por Jesus. A nossa fé sincera agrada a Deus. Palavras do Santo Padre Talvez o reconhecimento mais tocante da pobreza da nossa oração tenha vindo dos lábios do centurião romano que um dia implorou Jesus que curasse o seu servo doente (cf. Mt 8, 5-13). Sentia-se totalmente inadequado: não era judeu, era um oficial do odiado exército de ocupação. Mas a preocupação pelo servo fá-lo ousar, e diz: «Senhor… eu não sou digno que entres debaixo do meu teto, mas diz uma só palavra e o meu servo será curado» (v. 8). É a frase que também repetimos em todas as liturgias eucarísticas. Dialogar com Deus é uma graça: não somos dignos dela, não temos o direito de a reivindicar, “coxeamos” com cada palavra e pensamento… Mas Jesus é a porta que nos abre para este diálogo com Deus. Esta proximidade de Deus abre-nos ao diálogo com Ele. Um Deus que ama o homem, nunca teríamos tido a coragem de acreditar nisto – como é possível que Deus me ame? – se não tivéssemos conhecido Jesus. O conhecimento de Jesus fez-nos compreender isto, no-lo revelou. (Audiência Geral de 3 de março de 2021)
O verdadeiro encontro com Jesus transforma a vida

No domingo (15/09), durante a alocução que precede a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho de São Marcos e sublinhou a importância de uma verdadeira relação pessoal com Jesus, que vai além do simples conhecimento teórico. Diante da pergunta de Jesus aos discípulos, presente na liturgia de hoje: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,29), o Pontífice destacou que Pedro respondeu corretamente, afirmando que Jesus é o Cristo. No entanto, logo em seguida, ao ouvir sobre o sofrimento e a morte do Senhor, Pedro se opôs, demonstrando que sua compreensão ainda era limitada pela visão humana e mundana. Conhecer Jesus verdadeiramente Segundo Francisco, conhecer Jesus não se resume a ter informações teóricas sobre Ele, recitar orações ou saber responder corretamente a perguntas de catecismo: “Na realidade, para conhecer o Senhor, não basta saber algo sobre Ele, é preciso segui-Lo, deixar-se tocar e mudar pelo Seu Evangelho. Trata-se de ter com Ele uma relação, um encontro que transforma a vida.” O Pontífice então reforçou que essa transformação autêntica leva a mudanças profundas: “Eu posso conhecer muitas coisas sobre Jesus, mas se não O encontrei, ainda não sei quem é Jesus. É necessário esse encontro que muda a vida: muda o modo de ser, muda o modo de pensar, muda as relações que você tem com os irmãos, a disposição para acolher e perdoar, muda as escolhas que você faz na vida. Tudo muda se você realmente conheceu Jesus! Tudo muda.” Deixar-se “incomodar” pelo Evangelho Referindo-se às palavras de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano que se opôs ao nazismo, quando afirmou “O problema que nunca me deixa tranquilo é o de saber o que o cristianismo realmente é para nós hoje, ou mesmo quem é Cristo”, o Santo Padre alertou contra o perigo de uma fé que se mantém estática e longe de Deus, pois “infelizmente, muitos já não se fazem mais essa pergunta e permanecem tranquilos, adormecidos, mesmo longe de Deus”. E, em seguida, fez um convite aos fiéis a se questionarem: “Eu me deixo incomodar? Eu me questiono sobre quem é Jesus para mim e qual é o lugar que Ele ocupa na minha vida? Que nossa mãe Maria, que conhecia bem Jesus, nos ajude com essa pergunta”, concluiu o Papa Francisco.
XXIV Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus do XXIV Domingo do Tempo Comum apresenta-nos textos que nos ajudam a aprofundar e a viver de forma mais consciente e empenhada a fé que professamos e, ao mesmo tempo, convida-nos a reflectir sobre a nossa fidelidade a Deus. I Leitura (Is 50,5-9) O autor da primeira leitura, que é constituída por uma parte do terceiro “Cântico do Servo “, apresenta o servo do Senhor, que recebeu bons ouvidos para escutar a voz de Deus e acolheu e respondeu ao seu chamamento. Apesar das dificuldades e sofrimentos que teve de enfrentar para cumprir a sua missão, o servo não vacila e mantém inabalável a sua fé e confiança em Deus. Diante da humilhação e violência física a que foi sujeito, ele mantém-se seguro porque está convencido de que tem Deus como defensor, que o auxiliará a combater todos os ataques e acusações dos seus adversários. Ele confia plenamente que vencerá todos os obstáculos, pois acredita que Deus está com ele. O que o profeta diz sobre o servo do Senhor será, muitos séculos depois, vivido por Jesus na incompreensão dos seus contemporâneos, no seu sofrimento e na sua morte e ressurreição. Como o Servo do Senhor, os cristãos que, muitas vezes, vacilam ante a primeira adversidade, devem ter confiança plena em Deus e a certeza de que Ele vem em seu auxílio e os ajudará a vencer todas as dificuldades. II Leitura (Tg 2,14-18) Continuamos este domingo a ler parte do magnifico texto da Carta de S. Tiago. Desta vez, S. Tiago diz-nos que a fé não pode ser vivida apenas por palavras, nem de forma individual, mas tem de ser concretizada por obras (acções de partilha, de solidariedade e de amor aos outros), doutra forma, “…a fé sem obras está completamente morta”. S. Tiago recorda a necessidade de viver uma vida coerente com a fé que se professa. Quem reduz a sua fé a meras teorias, crenças, fórmulas e palavras que não se traduzem em acções concretas de compromisso com Deus e com o próximo não tem uma fé viva, mas morta. S. Tiago, através da pergunta colocada no início do texto – “De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras?” – interpela os cristãos de todos os tempos sobre a forma como vivem a sua fé. Será que a vivem só com palavras e sem quaisquer obras? Será que manifestam a fé nas obras que fazem? Evangelho (Mc 8,27-35) O trecho do Evangelho deste domingo pode dividir-se em duas partes. Na primeira, Jesus coloca aos seus discípulos as seguintes questões: «Quem dizem os homens que Eu sou?…E vós, quem dizeis que eu sou?». Jesus com estas questões pretende saber se os homens e os discípulos entenderam bem a sua identidade e a sua verdadeira missão. Os homens consideram que é um homem igual a outros que o antecederam (Elias, João Baptista, Profetas), não entendendo a condição singular de Jesus. Os seus contemporâneos viam em Jesus um homem em continuação com o passado, não descobrindo ainda que ele era o Messias, o salvador prometido, que não veio para restaurar o Reino de Israel, mas instaurar o Reino de Deus. Quanto à opinião dos discípulos, Pedro, como porta-voz do grupo, respondeu com uma verdadeira confissão de fé: “Tu és o Messias”. Contudo, como na época o título de Messias podia ter significados bem diferentes, Jesus tem dúvidas que os discípulos o vissem como um Messias triunfalista que agisse segundo o conceito dos homens, em que predomina o individualismo, o egoísmo e o materialismo, e não o de Deus, em que tudo se edifica pela prática permanente do amor e da doação aos outros. De facto, Jesus é o Messias, mas a sua missão messiânica será vivida na linha da do servo sofredor de Isaías relatada na primeira leitura, o qual não apresentou qualquer resistência à missão confiada por Deus, realizando-a no meio das maiores adversidades e de muito sofrimento. Jesus dá então a conhecer aos discípulos que, no cumprimento da Missão que o Pai lhe confiou, tinha de sofrer, de ser rejeitado, de morrer e ressuscitar ao terceiro dia, fazendo assim o seu primeiro anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição. Na segunda parte, Jesus faz o convite para que o sigam e estabelece as condições que devem observar para o fazer – «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á». Por isso, aqueles que queiram ser realmente seguidores de Cristo devem estar disponíveis para seguirem o seu exemplo, que renunciou a si mesmo e ofereceu a sua vida por amor aos outros. A pergunta que Jesus colocou aos seus discípulos, há mais de dois mil anos, é a mesma que hoje coloca a todos que se propõem segui-Lo: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Como respondemos a esta questão? Será que sabemos bem quem é Jesus Cristo e qual o lugar que Ele ocupa na nossa vida? XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 6,39-42 Jesus nos questiona: por que tu vês o cisco no olho do teu irmão e não percebes o que está no teu próprio olho? Tira primeiro o cisco do teu olho e então poderás enxergar bem para ajudar o teu irmão! Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Se uma pessoa é sábia, mesmo que veja o erro dos outros, ela age com discrição, sem fazer divulgação e nem fofocas. Observe uma coisa: se uma pessoa faz fofoca de outra para você, ela fará fofoca de você quando estiver com aquela primeira pessoa. Isso é óbvio! E se uma pessoa vê erros em todos, isso não seria indício de que seu “olho” está sujo e vê nos outros a sua própria sujeira? Palavras do Santo Padre A página evangélica hodierna apresenta breves parábolas, com as quais Jesus deseja indicar aos seus discípulos o caminho a percorrer para viver com sabedoria. Com a pergunta: «Um cego pode guiar outro cego?» (Lc 6, 39), Ele quer frisar que um guia não pode ser cego, mas deve ver bem, isto é, deve possuir a sabedoria para guiar com sabedoria, caso contrário corre o risco de causar danos às pessoas que a ele se confiam. […] E Jesus usa uma expressão sapiencial para indicar a si mesmo como modelo de mestre e guia a ser seguido: «Não está o discípulo acima do mestre, mas o discípulo bem formado será como o mestre» (v. 40). É um convite a seguir o seu exemplo e o seu ensinamento para ser guias seguros e sábios. […] No trecho de hoje encontramos outra frase significativa, que exorta a não ser presunçoso nem hipócrita. Diz assim: «Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista?» (v. 41). Muitas vezes, todos sabemos, é mais fácil ou cómodo ver e condenar os defeitos e os pecados alheios, sem conseguir ver os próprios com a mesma lucidez. […] Devemos estar cientes disto e, antes de condenar os outros, devemos olhar para dentro de nós mesmos. Assim podemos agir de modo credível, com humildade, testemunhando a caridade. (Angelus de 3 de março de 2019)