4.ª Semana do Advento – Reflexões, Atitudes e Orações

4.ª semana do Advento: Deixar-se guiar pela pequenina esperança! A esperança é a virtude dos pequeninos: caminhemos pela mão da pequenina esperança. Esta ideia aparece-nos clara na anunciada escolha de Belém, como cidade do nascimento do Salvador (cf. 1.ª leitura).  “Belém é um pequeno povoado da Judeia, onde mil anos antes tinha nascido David, o pequeno pastor escolhido por Deus como rei de Israel. Belém não é uma capital, e por isso é preferida pela providência divina, que gosta de agir através dos pequeninos e dos humildes. Naquele lugar nasce o «filho de David» tão esperado, Jesus, em quem se encontram a esperança de Deus e a esperança do homem” (Papa Francisco, Audiência 21.12.2016). Também a esperança se incorpora no grupo dos pequeninos. «A pequena esperança avança no meio de suas duas irmãs grandes (a fé e a caridade). E não se nota sequer. (…). Ela, a pequenita, é que arrasta tudo. Porque a fé não vê senão o que é. E ela vê aquilo que será. A Caridade não ama senão aquilo que é. E ela, sim ela, ama aquilo que será. É ela que faz caminhar as outras duas, que puxa por elas. E que nos faz caminhar a todos» (Charles Péguy). Como poderíamos viver sem esperança? Como seriam os nossos dias? A esperança é o sal da quotidianidade! Peregrinos de esperança:  os mais pobres e pequeninos  “Os pobres são os primeiros portadores de esperança. Para entrar no mundo, Deus teve necessidade deles: de José e de Maria, dos pastores de Belém. “Na noite do primeiro Natal havia um mundo que dormia, acomodado em tantas certezas adquiridas. Mas em segredo os humildes preparavam a revolução da bondade. Eram totalmente pobres, alguns flutuavam pouco acima do limiar da sobrevivência, mas eram ricos do bem mais precioso que existe no mundo, ou seja, a vontade de mudança” (Papa Francisco, Audiência, 27.09.2017). Sejamos “sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade” (SNC, 10).  Oferecer sinais de esperança:  Apoiar crianças em situação de risco e de pobreza. Sair ao encontro dos mais pobres, sem esperar que nos batam à porta: «a esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sl 9, 19). Realizar pequenos gestos de bondade, de perdão, de paciência. Cada “sim” a Jesus que vem é um rebento de esperança (Papa Francisco, Audiência 21.12.2016).  Viver o Ano da Oração para preparar o Jubileu: Oração de Vésperas na comunidade. Ou Rezar todos os dias o Magnificat. A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: de hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Ámen. Ou rezar a Oração do abandono, do Beato Charles de Foucauld, que é outra forma da oração do pobre, que reza “eis-me aqui”.  Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, eu Te agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, desde que a tua vontade se faça em mim e em tudo o que Tu criaste, nada mais quero, meu Deus. Nas tuas mãos entrego a minha vida. Eu Ta dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque Te amo e é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me nas tuas mãos sem medida, com uma confiança infinita, porque Tu és meu Pai!  

Eucaristias no dia de Natal (Actualizado)

Na próxima Quarta-Feira, dia de Natal, a celebração das Eucaristias é nos seguintes horários: 00H00 – Tradicional Missa do galo; 10H0, 12H00 e 18H30 – Eucaristia do dia de Natal.  No dia 24, Terça-Feira, não haverá a habitual Eucaristia das 19H30. 

Qual é o sentido do Natal?

Quem se lembra do significado desta comemoração? Qual é o sentido do Natal para os cristãos?No Natal, um Deus humilde, um Deus-amor se revela ao homem como um pequeno Menino, convidando-o a voltar-se para Ele com um coração de criança e aceitar seu amor livremente. No Natal, os cristãos celebram o nascimento de Jesus. Mas não apenas como um personagem histórico que mudou o mundo, nascido na província romana da Judeia, no tempo do imperador César Augusto. Na festa de Natal, recorda-se algo fundamental para a fé cristã: a Encarnação do Verbo divino para a redenção da humanidade. Trata-se de um episódio que o evangelista João resume com as palavras: “O Verbo se fez carne”. “Naquela Criança, envolvida em panos e recostada na manjedoura, é Deus que vem-nos visitar para guiar nossos passos no caminho da paz”, afirma o Papa João Paulo II (mensagem Urbi et Orbi, 25 de dezembro de 2002). Mas é possível “algo deste tipo?” – pergunta o Papa Bento XVI –. “É digno de Deus tornar-se criança?” (audiência geral de 17 de dezembro de 2008). “Para procurar abrir o coração a esta verdade que ilumina toda a existência humana, é necessário humilhar a mente e reconhecer o limite da nossa inteligência”. Na gruta de Belém – explica Bento XVI –, Deus se mostra aos homens como um humilde menino para derrotar a nossa soberba. Se Deus tivesse se encarnado envolto em poder, riquezas e glória, talvez o homem tivesse se rendido mais facilmente. Mas Deus “não quer a nossa rendição”. Pelo contrário, “faz apelo ao nosso coração e à nossa livre decisão de aceitar o seu amor”. “Fez-se pequeno para nos libertar daquela humana pretensão de grandeza, que brota da soberba; encarnou-se livremente para nos tornar deveras livres, livres para o amar”. No Menino recém-nascido, cujo rosto os cristãos contemplam no Natal, manifesta-se Deus-Amor: “Ele pede o nosso amor: por isto faz-se menino”. “Deus fez-se pequeno a fim de que nós pudéssemos compreendê-Lo, acolhê-Lo, amá-Lo” (homilia de 24 de dezembro de 2006). O fato de Deus assumir a condição de Menino indica o modo como os cristãos podem encontrar o próprio Deus. “Quem não compreendeu o mistério do Natal, não entendeu o elemento decisivo da existência cristã. Quem não acolhe Jesus com coração de criança, não pode entrar no reino dos céus” (Bento XVI, audiência geral de 23 de dezembro de 2009). O Natal é ainda a antecipação do mistério pascal. Bento XVI recorda o caráter universal desta festa, que fala também ao coração do não-crente. O Natal está presente na Igreja sempre envolto na luz e na realidade do mistério da Páscoa. Assim como a pregação evangélica vai remontar até a infância a partir da Ressurreição, e João vai projetar sobre o Verbo Encarnado a glória do Ressuscitado, assim também a Igreja vai contemplar o Natal à luz da Ressurreição (Castellano, 1989). Na Igreja Oriental, o Natal já significa o princípio da Redenção. Na Igreja de Roma, de forma especial a partir do Papa Leão Magno (século V), o Natal é parte integrante do sacramento pascal. “A festa de hoje renova para nós os primeiros instantes da vida sagrada de Jesus, nascido da Virgem Maria. E enquanto adoramos o nascimento do nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão. O natal da cabeça é também o natal do corpo” (São Leão Magno, LH, dia 31 de dezembro). Portanto, em sua perspectiva teológica, o Natal é início do sacramento pascal, que compreende nas confissões de Fé a Encarnação do Filho de Deus. O Natal é também o início da Redenção, pois nele o Deus assume a natureza humana. Uma outra característica é que no Cristo da glória também está presente o mistério salvífico de seu Nascimento. E o “hoje” do nascimento de Cristo converte-se em presença eterna do Verbo/Palavra de Deus (Castellano, 1989). A respeito da espiritualidade do Natal, podem-se destacar três características: é um mistério de luz – vitória sobre as trevas –; é restauração cósmica – início da normalização da comunhão com Deus, que fora perturbada pelo pecado; é intercâmbio da Redenção – “ao se tornar Ele um de nós, nós nos tornamos eternos (Prefácio III). O Natal é ainda anúncio de paz, com a manifestação do “Príncipe da Paz” (segundo o profeta Isaías). O Nascimento do Senhor constitui também o jubiloso anúncio de uma grande alegria e a festa da glória de Deus. Aos homens de hoje, o Natal continua se apresentando como uma festa universal. “De fato, mesmo quem não se professa crente, pode sentir nesta celebração cristã anual algo de extraordinário e de transcendente, algo de íntimo que fala ao coração”, afirma Bento XVI (audiência geral, 17 de dezembro de 2008). “O Natal de Jesus mostra como Deus Se colocou da parte do homem, duma vez para sempre; fê-lo para nos erguer do pó da nossa miséria, das nossas dificuldades e pecados. O mistério do Natal ensina-nos que, se Deus não quis revelar-Se como Alguém que olha do alto e domina o Universo, mas antes humilha-Se e desce à terra pequenino e pobre, então, para nos parecermos com Ele, não devemos colocar-nos acima dos outros mas humilhar-nos, pôr-nos ao seu serviço, fazer-nos pequenos com os pequenos e pobres com os pobres” (Papa Francisco, audiência geral de 18 de dezembro de 2013). (Aleteia)

IV Domingo do Advento

Depois de três semanas de preparação para o Natal, celebração que acontecerá dentro de poucos dias, chegamos ao IV Domingo do Advento. A Palavra de Deus deste Domingo fala-nos de Maria, a jovem simples e humilde que pelo seu “sim” incondicional se tornou participante do Mistério da Encarnação do Filho de Deus, Aquele que veio viver no meio de nós com a missão de concretizar as promessas de libertação e salvação que, ao longo dos tempos e de diversas maneiras, foram feitas por Deus. I LEITURA (Miq 5,1-4) Num tempo em que o povo vivia uma situação difícil devido à ameaça de invasão da sua terra pelos assírios, a qual trará destruição e sofrimento, o profeta Miqueias transmite uma mensagem de esperança. Ele anuncia que após a destruição acontecerá um novo futuro, o qual será realizado por meio de um descendente de David, nascido na pequena cidade de Belém, que reunirá o Povo de Deus, será o seu Pastor e construirá um tempo de segurança e de paz. Toda a sua acção será realizada em nome do Senhor, que fará dele um Rei, que será fonte de paz, e cujo reinado não será construído à maneira dos reinos temporais, mas de acordo com o projecto de Deus. Esta profecia messiânica cumpre-se em Jesus Cristo, o verdadeiro Pastor, que veio com a missão de reunir e conduzir todas as ovelhas e com elas construir um reino de amor, justiça e paz. II LEITURA (Heb 10,5-10) A segunda Leitura, uma passagem da carta aos Hebreus, diz-nos que Jesus Cristo veio para cumprir a missão que Deus lhe confiou, submetendo-se totalmente à Sua vontade. Para cumprir essa missão Ele assumiu a condição humana e, em lugar de oferecer os habituais holocaustos e sacrifícios para expiação dos pecados, ofereceu o seu próprio corpo para santificar a vida de todos – “… nós fomos santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo…”. Este texto convida-nos a reflectir sobre o incomensurável amor que Deus tem por cada um de nós, manifestado no seu próprio Filho, que foi enviado para nos conduzir à comunhão com Ele, e ensina-nos que seguindo o exemplo de Jesus Cristo, a obediência à vontade do Pai, estaremos mais próximos de Deus e disponíveis para O acolher em nossos corações. EVANGELHO (Lc 1,39-47) O Evangelho relata-nos o encontro de Maria, mãe de Jesus, com a sua prima Isabel, mãe de João Baptista, episódio habitualmente designado pela Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. Maria, depois de ter conhecimento que a sua prima Isabel concebeu um filho e já estava no sexto mês, foi ao seu encontro. Depois de saudar a prima com “Shalom” (paz), saudação frequentemente utilizada entre os hebreus, João Baptista exultou de alegria no seio de Isabel. Em resposta à saudação, Isabel que, por acção do Espírito Santo, reconheceu que Maria era portadora d’Aquele que iria dar cumprimento às promessas de Salvação anunciadas pelos profetas, afirmou: “bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. E finalizando a sua resposta, Isabel proclama Maria como a “Bem-aventurada”, porque “acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”, ou seja, Maria é feliz porque confiou plenamente em Deus e na sua Palavra, apesar de todas as dúvidas e das dificuldades que teria de enfrentar. Maria preocupou-se com a sua prima e, por isso, vai ao seu encontro, mesmo sabendo que a viagem seria difícil e penosa. Ela decide pôr-se apressadamente a caminho para poder estar ao lado de alguém que necessitava de ajuda e partilhar a alegria que sentia pela presença do próprio Deus em si. Nestes últimos dias de preparação para a comemoração do Natal do Senhor, somos convidados a seguir o exemplo de Maria: confiar plenamente em Deus e na sua Palavra; sair do nosso comodismo e ir ao encontro daqueles que necessitam da nossa presença e da nossa ajuda, colocando-nos humildemente ao seu serviço; transmitir a alegria que brota do encontro com Jesus, o Emanuel, Deus connosco. IV DOMINGO DO ADVENTO  

Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 1,26-38 O Anjo apareceu a Maria e disse-lhe: encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Eis a aqui a serva do Senhor, disse Maria e o anjo retirou-se. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Maria, ao receber o convite de Deus para ser Mãe do Salvador, algo totalmente grande e surpreendente, a princípio ficou perturbada, mas a sua confiança em Deus a levou a aceitar aquela que foi a maior missão que um ser humano recebeu sobre a face da terra. O sim de Maria foi a última expressão naquele diálogo. Em seguida, o anjo silenciou e se retirou. O sim de Maria ficou ecoando no coração de Deus. Palavras do Santo Padre Numa terra como a de Maria, perpetuamente ensolarada, uma nuvem que passa, uma árvore que resiste à seca e oferece abrigo, uma tenda hospitaleira dão alívio e proteção. A sombra é um dom que restaura, e o anjo descreve precisamente assim o modo como o Espírito Santo desce sobre Maria, o modo de agir de Deus: Deus age sempre como um amor suave que abraça, que fecunda, que guarda, sem fazer violência, sem ferir a liberdade. É este o modo de agir de Deus. A imagem da sombra que protege é uma imagem recorrente na Bíblia. Pensemos na sombra que acompanha o povo de Deus no deserto (cf. Êx 13, 21-22). A sombra fala, em suma, da gentileza de Deus. É como se Ele dissesse, a Maria, mas também a todos nós hoje: “Estou aqui para ti e ofereço-me como teu refúgio e abrigo: vem para debaixo da minha sombra, fica comigo”. Irmãos e irmãs, é assim que se comporta o amor fecundo de Deus. E é algo que, em certa medida, podemos experimentar também entre nós, por exemplo, quando entre amigos, noivos, cônjuges, pais e filhos, se é gentil, se é respeitoso, se cuida dos outros com gentileza. Pensemos na gentileza de Deus! Deus ama assim e chama-nos a fazer o mesmo: acolher, proteger, respeitar os outros. Pensemos em todos, pensemos naqueles que são marginalizados, naqueles que estão longe da alegria do Natal nestes dias. Pensemos em todos com a gentileza de Deus. Lembrai-vos desta palavra: a gentileza de Deus! (Angelus de 24 de dezembro de 2023)