A mulher na Igreja

A mulher na Igreja Se a verdade é mulher, não teremos razões para suspeitar que todos os filósofos, na medida em que foram dogmáticos, pouco entenderam de mulheres?” É com estas palavras que Nietzsche inicia a sua obra Para Além do Bem e do Mal, escrita em Sils-Maria, 1885. Esta afirmação aplica-se não só aos filósofos, mas também aos teólogos, e, em geral, infelizmente, aos dirigentes, por princípio homens, da Igreja Católica. Embora se não excluam traços maternos em Deus, a Bíblia chama a Deus Pai e não Mãe. Em primeiro lugar, porque se vivia numa sociedade patriarcal, e, depois, porque era necessário evitar toda uma linguagem que lembrasse as deusas pagãs da fertilidade… É claro que Deus não é sexuado; portanto, chamar-lhe Pai é uma metáfora. Assim, tanto poderíamos dirigir-nos a ele como a ela, isto é, tanto poderemos chamar-lhe Pai como Mãe. E acrescento mesmo: o Deus que Jesus anunciou é o Deus bom e os cristãos deveriam dirigir-se-lhe sempre como Pai e Mãe (Pai/Mãe) – veja-se o famoso quadro de Rembrandt “O Regresso do Filho Pródigo” e repare-se nas mãos do Pai… No Credo cristão, referimo-nos a Deus como Pai omnipotente criador do céu e da terra. Não dizemos: Mãe omnipotente. Isso está também vinculado à concepção da biologia grega, concretamente aristotélica, que, no acto da geração, atribuía toda a actividade ao sémen masculino. Portanto, a mulher era considerada essencialmente passiva. Não se esqueça que o óvulo feminino só em 1827 foi descoberto. Por isso, Santo Tomás de Aquino, na sequência de Aristóteles dirá expressamente que “a mulher é algo de falhado”: de facto, de si, a força activa do sémen está orientada para gerar uma realidade plenamente semelhante, portanto, do sexo masculino; a geração do feminino acontece devido a uma fraqueza. Daqui concluirá que por natureza a mulher é subordinada ao homem, que os filhos devem amar mais o pai do que a mãe, que o sacerdócio está vedado às mulheres, que as mulheres não podem pregar, pois a pregação é um exercício de sabedoria e autoridade, etc… Estas e outras razões, como, por exemplo, influências gnósticas e o celibato obrigatório dos padres, contribuíram para que a Igreja Católica se tornasse altamente hierarquizada e masculinizada, patriarcal. Note-se como a própria língua, que é sedimentação e forma de um mundo, está, no referente à autoridade, estruturada de modo machista: basta pensar que, se já não nos causa hoje dificuldade ouvir falar em ministra, por exemplo, ainda constitui autêntica agressão dizer, por exemplo, uma bispa… E que nome dar a uma católica feita cardeal?!… As mulheres têm toda a razão quando criticam a Igreja oficial, pois ela discrimina-as de modo indigno. Mas têm obrigação de ser amigas de Jesus, pois ele não só não as discriminou como as defendeu sempre. Pense-se – só exemplos – na samaritana, na adúltera…; pense-se sobretudo em Maria Madalena, a primeira a fazer a experiência avassaladora de fé de que Jesus, o crucificado, ressuscitou, está vivo em Deus para sempre; ela reuniu de novo os discípulos, que tinham fugido, de tal modo que até Santo Tomás a chamou a “Apóstola dos Apóstolos”… Constitui, pois, uma amarga desilusão que o Sínodo que terminou em Outubro com a aprovação do Papa mantenha as portas fechadas à possibilidade da ordenação das mulheres. Contra o Evangelho e os direitos humanos, continua o “clericalismo” que Francisco tanto diz ser “a peste” da Igreja. (Pe, Anselmo Borges in Diário Notícias)
Viver a Palavra

Evangelho de Mateus 21,23-27 Enquanto Jesus ensinava no templo, os sumos sacerdotes e anciãos se aproximaram dele para perguntar: com que autoridade fazes essas coisas? Eles questionavam Jesus, pois não o aceitavam e queriam mesmo era condená-lo. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? A pergunta “com que autoridade fazes essas coisas” estava recheada de maldade, na tentativa de derrubar Jesus. O Mestre, no entanto, não entrou no jogo de malícia deles, não respondeu no mesmo nível, mas usou de astúcia e sabedoria, desarmando-lhes. Jesus nos ensina como responder aos maldosos, aos que buscam só dinheiro, poder e prestígio: não se deixar afetar e agir com caridade e firmeza. Palavras do Santo Padre Qual é a autoridade que Jesus tem? É aquele estilo do Senhor, aquele “senhorio” – digamos assim – com o qual o Senhor se movia, ensinava, curava, escutava. Esse estilo do Senhor – que é algo que vem de dentro – o que mostra? Coerência. Jesus tinha autoridade porque era coerente entre o que ensinava e o que fazia, ou seja, como vivia. Essa coerência é o que dá a expressão de uma pessoa que tem autoridade: “Este tem autoridade, esta tem autoridade, porque é coerente”, ou seja, dá testemunho. A autoridade é vista nisso: coerência e testemunho. (Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 14 de janeiro de 2020)
3.ª Semana do Advento – Reflexões, Atitudes e Orações

3.ª semana do Advento: Alargar os horizontes da esperança! A esperança ultrapassa as expetativas: a esperança é ativa e criativa. De facto, a nossa esperança cristã está enraizada em Cristo e em tensão para o futuro; chega a ser uma esperança “arriscada”, quando já “não há nada a esperar” (Rm 8,24); é uma esperança que cresce e se purifica e consolida no mal e frente ao mal, sendo por isso uma esperança crucificada. Esta esperança tem como parente a paciência (capaz de fazer frente à adversidade, com perseverança e resistência ativa) mas não deixa de ser uma esperança lúcida, uma esperança que não é cega, pois projeta a sua luz sobre uma realidade dura e escura. Se esperamos a nova criação, então a nossa esperança é inconformista; não é só consolo no sofrimento, mas protesto da promessa de Deus contra o sofrimento. Não se trata, pois, de uma esperança, de dimensão puramente individual, uma ilusão narcisista, mas de uma esperança solidária, de irmãos que estão dentro da mesma barca; trata-se sempre de uma esperança criativa, que impulsiona a ação. Peregrinos de esperança: os agentes pastorais da pastoral da saúde e da pastoral sociocaritativa e os voluntários de organizações, associações, instituições e corporações… Os agentes pastorais ligados à pastoral sociocaritativa e à pastoral da saúde, bem como os muitos voluntários de organizações, associações, instituições e corporações…saem da sua zona de conforto ao encontro dos sem-abrigo, dos pobres, dos doentes, dos frágeis, dos mais sós… e dedicam parte do próprio tempo livre a atividades de voluntariado, que sejam de interesse para a comunidade, ou a outras formas semelhantes de empenho pessoal. Oferecer sinais de esperança: Visita e apoio a um movimento, obra ou instituição de solidariedade social. Organizar iniciativa pastoral, em parceria com instituições de solidariedade social. Promover alguma recolha de bens ou de fundos para um a um movimento, obra ou instituição de solidariedade social. Viver o Ano da Oração para preparar o Jubileu Diz São Paulo na Carta aos Filipenses: “Não vos inquieteis com coisa alguma, mas em todas as circunstâncias apresentai os vossos pedidos, com orações, súplicas e ações de graças” (cf. 2.ª leitura). Desafiem-se as pessoas, famílias e grupos a elaborar uma oração de Natal, pessoal, familiar ou de grupo, com alguns “pedidos” ao Menino Jesus ou então uma oração que apresente, ao mesmo tempo, um pedido, uma esperança e um motivo de louvor. Pode propor-se a oração de Santa Teresa de Ávila, que é outra forma de viver a palavra do Apóstolo Paulo: “não vos inquieteis com coisa alguma”. Nada te turbe, nada te espante; Tudo passa, Deus nunca muda; A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta. Só Deus basta.
III Domingo do Advento

No III Domingo do Advento, conhecido como “Domingo da Alegria”, a Palavra de Deus convida-nos a manifestar a nossa alegria, pelo facto de estar cada vez mais próxima a celebração da vinda de Jesus, Aquele que é a presença libertadora e salvadora de Deus no meio dos homens. A alegria a que somos convidados não se resume a uma manifestação exterior, mas a uma verdadeira alegria no Senhor, a qual resulta do facto de acreditarmos na presença salvadora de Deus no meio de nós e que, renovados continuamente pelo seu amor, caminhamos com Ele no sentido de alcançarmos a salvação. I LEITURA (Sof 3,14-18) A primeira Leitura, constituída por uma passagem da Profecia de Sofonias, situa-se numa época em que as práticas idolátricas seguidas por vários reis levaram a que se instalasse a injustiça e a corrupção em todos os sectores da vida política, social e religiosa. Entretanto, influenciado por esta situação, o Povo de Israel abandonou o seu Deus e o compromisso de fidelidade à Aliança. É neste contexto que o profeta, depois de ter anunciado um castigo divino com a intenção de chamar o Povo à conversão, muda o seu discurso e dirige-se agora ao Povo exortando-o à alegria – “Clama jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém”- porque o Senhor revogou a sentença que o condenava e está agora no seu meio para o reconduzir no caminho que o levará à salvação, demonstrando assim a sua misericórdia e o seu amor. Hoje, também nós somos convidados à conversão e a viver com alegria, pois o nosso Deus está no meio de nós para nos perdoar e salvar, porque nos ama, independentemente das nossas infidelidades. II LEITURA (Filip 4,4-7) Na segunda Leitura, S. Paulo convida os Filipenses à Alegria – “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos”, porque “O Senhor está próximo”. Paulo, que se encontrava preso devido ao anúncio do Evangelho, escreve à comunidade de Filipos para agradecer a ajuda fraterna, desejar que a bondade dos Filipenses seja conhecida por todos (melhor forma de dar testemunho do Evangelho), recomendar que vivam tranquilos, sem inquietações e que, em quaisquer circunstâncias, apresentem os seus pedidos a Deus, ou seja, dialoguem com Ele através de orações, súplicas e acção de graças. Com este texto, S. Paulo transmite-nos que a nossa bondade e o nosso diálogo com Deus, através do qual agradecemos os dons recebidos e apresentamos os nossos problemas, dificuldades e o reconhecimento pelas nossas infidelidades, são o caminho que nos leva a viver na alegria do Senhor. EVANGELHO (Lc 3,10-18) Em continuação do relato da pregação de João Baptista de um baptismo de penitência para remissão dos pecados, o Evangelho deste Domingo, narra-nos as respostas dadas por João aos que o procuraram para serem baptizados. Perante a mesma pergunta colocada pelo povo em geral, os publicanos e os soldados – “Que devemos fazer?”-, João recomenda ao povo a solidariedade e a partilha com os mais necessitados – “Quem tem duas túnicas (…)reparta”-, aos publicanos que sejam honestos, justos e que não explorem – “Não exijais nada (…) prescrito”- e aos soldados que não pratiquem a violência, não abusem do poder e se contentem com o seu salário- “Não pratiqueis violência (…) e contentai-vos com o vosso soldo”-. Embora as atitudes recomendadas sejam diferentes, todas elas têm em comum a mensagem implícita de que a verdadeira conversão não passa simplesmente por uma atitude interior, mas exige gestos que expressem uma evidente mudança de vida. E para desfazer quaisquer dúvidas em relação à sua pessoa, João anuncia a vinda do Messias, que irá baptizar no Espirito Santo e no fogo, um baptismo que não será apenas um convite à conversão, mas que nos torna portadores de uma vida nova em Cristo. Os comportamentos concretos recomendados por João aplicam-se a todos aqueles que, em todos os tempos, são capazes de colocar a mesma questão: “Que devo fazer?” De facto, João indica o que devemos fazer, qual o sentido que devemos dar à nossa vida, para que aconteça em nós a verdadeira conversão. E esta só sucede quando escolhemos o caminho do amor, da fraternidade, da solidariedade, da partilha, da justiça e da paz, únicas vias que nos levam a preparar devidamente a vinda de Jesus e a acolher plenamente Aquele que é a fonte da verdadeira alegria. III DOMINGO DO ADVENTO
Encontro de Oração Comunitária

Na próxima Terça-Feira, dia 17, às 20H45, haverá o encontro mensal de oração comunitária, que inclui os seguintes momentos: . Contemplação do Santíssimo Sacramento; – Testemunho – Pe. Davide Matamá (capelão prisional); – Preces.