Gosto de pensar, Maria, que até a tua fraqueza sustentava a tua força, que sabias aceitar passar por tantas incertezas, fazendo com que o teu coração aderisse a uma confiança que não se via. E é por isso que a minha agitação confusa, a minha indecisão, os medos que me atacam em determinados momentos e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar não te são estranhos. Gosto de lembrar como foi difícil sua jornada, cheia de obstáculos mais difíceis do que os que enfrento, vencida por sombras, derrapagens e dores. E que o teu olhar se tornou um ventre imenso, onde posso depor tudo o que tanto me custa e que tu, que tudo entendes, saibas abraçar. Gosto de contemplar sua capacidade de agradecer. Agradecer a anunciação luminosa e suas duras consequências; aquelas palavras claras e depois uma sucessão dolorosa de momentos passados ​​imaginando como será; a mansidão da brisa e a dureza do vento. E por isso abraças o meu cansaço de viver com esperança a minha força e a minha fragilidade; o que eu realizo e o que deixarei de fazer; o que depende ou não depende de mim – e você entende tudo. Gosto de saber que você achou os planos de Deus infinitamente superiores a você e que, mais uma vez, você se sentiu pequeno, sozinho e não à altura, como muitas vezes me sinto. E também por isso, no fundo de mim experimento que você me abraça, você que tudo entende. o que eu realizo e o que deixarei de fazer; o que depende ou não depende de mim – e você entende tudo.

(D. Tolentino Mendonça in Avvenire)