Celebra-se nesta Quinta-Feira a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, comumente conhecida como festa do Corpo de Deus.
Esta celebração, que foi instituída há mais de oito séculos, pretende salientar o significado do Sacramento da Eucaristia e a sua importância para a vida cristã.

“ISTO É O MEU CORPO… ISTO É MEU SANGUE… FAZEI ISTO EM MINHA MEMÓRIA”

É desta forma que Jesus Cristo, quando estava reunido com os apóstolos na Última Ceia, entregou, sob as espécies do pão e do vinho, o seu Corpo oferecido em sacrifício e o seu Sangue derramado em remissão dos pecados, instituindo desta forma o Sacramento da Eucaristia.

A Eucaristia distingue-se dos outros Sacramentos porque, além de ser um sinal eficaz da graça, é também a celebração do memorial do mistério pascal de Cristo. Dizer memorial não é somente recordar os acontecimentos do passado, mas é tornar presente e actualizar o sacrifício que Jesus Cristo ofereceu ao Pai, na cruz, em favor da humanidade.

A Eucaristia é o centro de toda a liturgia da Igreja. Sempre que se celebra a Eucaristia cumpre-se a missão que Jesus Cristo confiou aos Apóstolos – fazei isto em minha memória- e realiza-se, pela consagração das espécies do pão e do vinho, a sua presença de modo verdadeiro, real e substancial.

Comungar as espécies consagradas não é apenas receber o Corpo de Cristo, mas também os frutos do seu sacrifício redentor. Como Jesus disse: “quem comer deste pão e beber deste vinho, viverá para sempre”

Como refere o Catecismo da Igreja Católica, “a Eucaristia é o coração e o ponto mais alto da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a mesma Igreja, com todos os seus membros, ao seu sacrifício de louvor e de acção de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na Cruz; por este sacrifício Ele derrama as graças da salvação sobre o Seu Corpo, que é a Igreja”.

Na celebração da Eucaristia, Jesus Cristo convida-nos a acolher a salvação que nos oferece e a receber o seu Corpo e o seu Sangue, pelo qual nos é facultada a possibilidade de entrar em comunhão com Ele e com todos os membros do seu Corpo Místico.

Comentários às Leituras retirados do Secretariado da Liturgia

I LEITURA Dt 8, 2-3.14b-16
«Deu-te o alimento, que nem tu nem os teus pais tinham conhecido»

Numa época de grande prosperidade económica, em que o povo de Israel corria o risco de se esquecer de Deus e de se fechar no seu egoísmo, o autor sagrado lembra-lhe a experiência do deserto. Durante essa longa caminhada, em que sentiu ao vivo a sua fraqueza, os bens necessários à vida (a alimento, a água, a libertação da escravidão, a proteção no meio dos perigos) não foram dádivas do amor de Deus? Esquecer agora, na abundância, esse amor paternal de Deus, seria uma ingratidão.
Mas seria também uma loucura. O homem, com efeito, não pode viver só de pão. Satisfeita toda a fome que sente (fome de justiça, de liberdade, de paz) ele pode sentir-se ainda infeliz. O alimento espiritual, «a palavra, que sai da boca de Deus» (Mt. 4, 4), é-lhe indispensável para viver sobre a terra.

 

 II LEITURA 1 Cor 10, 16-17
«Há um só pão, formamos um só corpo»

Pão vivo descido do Céu, verdadeiro maná, na caminhada da vida, a Eucaristia realiza a nossa incorporação em Cristo morto e ressuscitado e, por Ele, na Igreja, que é também Corpo de Cristo. O Pão Eucarístico é assim não apenas sinal, mas alimento de unidade entre os cristãos e destes com Deus.
Comungar o Corpo e o Sangue de Cristo é, pois, comungar o amor que Jesus tem pelo Pai e pelos homens. Cada Comunhão devia ser para nós um compromisso de unidade. Unidade que não deve manifestar-se apenas na assembleia litúrgica, mas deve abranger toda a vida.

 

EVANGELHO Jo 6, 51-58
«A minha carne é verdadeira comida,
o meu sangue é verdadeira bebida»

A Eucaristia é tão desconcertante para os homens do nosso tempo, como os sinais realizados por Jesus o foram para os seus contemporâneos. Contudo, aqueles que foram testemunhas da Ressurreição, como João, e aqueles que, hoje, têm fé em Jesus, sabem muito bem que o Filho de Deus feito Homem, vindo para trazer a vida ao mundo, não Se limitou a dar-nos as Suas palavras ou o Seu exemplo. Deu-nos também, na Eucaristia, a Sua Carne e o Seu Sangue, isto é, a Sua Pessoa.
Aqueles que, na pobreza da fé, souberem acolher a Cristo, sob o sinal sacramental, unir-se-ão à Sua Morte e Ressurreição, entrarão no Seu mistério, receberão a Vida.

SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO