Senhor,

ninguém vive tão à espera como tu.

Na tua misericórdia esperas por todos.

Pelos que estão longe e pelos que estão perto.

Pelos que te pressentem nos acessos mais comuns da vida e pelos que percorrem os corredores infindos acumulando silêncio e perguntas.

Pelos que te avistam na certeza e pelos que ligam o teu mistério a esparsos e indecifráveis indícios.

Pelos que identificam o teu sinal indiscutível e pelos que não te encontram em nenhuma parte.

Esperas por todos.

Pelos que todos os dias te rezam: “Vem, Senhor!” e por aqueles cuja oração é uma ferida silenciosa, uma convulsão, um tormento ou uma revolta.

É bom saber que, na imensidão compassiva da tua espera, cada um está a tempo do conhecimento e da esperança.

(Tolentino Mendonça in “Rezar de olhos abertos”)