A Palavra de Deus do XVI Domingo do Tempo Comum assegura-nos que Jesus é o nosso bom Pastor e que todo aquele que nele confia nada lhe faltará.
I Leitura (Jer 23,1-6)
Pela voz do profeta Jeremias, Deus critica severamente os maus pastores do povo (no Antigo Testamento, a imagem de pastor era utilizada para referir os líderes políticos e religiosos) que, em vez de servirem o rebanho que o Senhor lhes confiou, serviam-se dele para obterem benefícios particulares.
O profeta anuncia a condenação que Deus faz aos maus pastores por não terem cuidado do povo que lhes tinha confiado. Deus não se limitou a anunciar a condenação e o castigo dos maus pastores, mas, dando prova da sua fidelidade à Aliança, anunciou também que vai intervir. A sua intervenção será no sentido de dar às suas ovelhas os pastores que apascentem verdadeiramente o seu rebanho e em quem as ovelhas possam acreditar.
Neste sentido, Deus promete que, no futuro, fará aparecer um rebento justo, um verdadeiro rei sábio, cujo nome será “o Senhor é a nossa Justiça”, promessa que terá a sua concretização em Jesus Cristo, o pastor que apascentará as ovelhas de Deus. Ele é o Bom Pastor e, com Ele, nada faltará.
II Leitura (Ef 2,13-18)
S. Paulo lembra a comunidade cristã de Éfeso de que Cristo, pela sua morte na cruz, estabeleceu a reconciliação dos homens com Deus e a união de todos os povos entre si. De facto, com a sua morte, Cristo uniu tudo o que estava dividido devido a preconceitos e regras obsoletas, derrubou definitivamente as barreiras geradoras de inimizade e da separação dos povos e abriu o caminho para que todos os homens, sem excepção, pudessem viver em fraterna comunhão e participar no Reinado de Deus.
Os cristãos, que em Cristo foram constituídos Filhos de Deus, devem ser os arautos da universalidade do projecto de Salvação de Deus e da sua vontade de que todos os homens vivam unidos entre si, como os membros de um corpo.
EVANGELHO (Mc 6,30-34)
O Evangelho relata-nos, numa primeira passagem, que os apóstolos cansados depois de muitas atividades retornam para junto de Jesus, que os convida a retirarem-se para um lugar sossegado, para aí descansarem com Ele. É na escuta e no diálogo com Jesus que os apóstolos conseguirão encontrar a energia necessária para refazerem as suas forças e continuarem a sua actividade missionária.
Numa segunda, descreve a chegada da multidão abandonada e desprezada pelos maus governantes, pelos maus pastores, que se preocuparam mais com os seus interesses pessoais do que com as necessidades do povo.
Diante dessa multidão sofrida, dessas ovelhas sem pastor, Jesus moveu-se de compaixão, ou seja, compadeceu-se dela pelas suas necessidades e sofrimentos, recusou o descanso previsto, encarou-a e “começou a ensinar-lhes muitas coisas”, para que aquela multidão carente de tudo pudesse sair daquela triste e penosa situação. Com esta atitude, Jesus assume a figura do Bom Pastor, anunciada pelo profeta Jeremias na primeira leitura. Na verdade, como diz o salmo, quem realmente confia em Jesus, o Bom Pastor, nada lhe faltará.
Do Evangelho de hoje podemos retirar dois grandes ensinamentos para o nosso caminho de vida cristã. O primeiro refere-se ao convite ao descanso feito por Jesus aos seus discípulos. Não se trata de um descanso qualquer, mas de um descanso que se concretiza através do encontro e diálogo íntimo com Jesus. Como Ele nos disse: “Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28).
O segundo diz respeito à sua compaixão por uma multidão que evidenciava ser um rebanho sem pastor. E Jesus, que não veio para servir-se dos outros, mas para os servir, abandonou os seus planos e renunciou a si mesmo para transmitir ensinamentos à multidão que O procurava e ser o pastor que eles buscavam.
Como cristãos, devemos seguir o exemplo de Jesus Cristo. Deixemos, por isso, encher o nosso coração de compaixão, não como um sentimento de pena, mas como maneira de ser e agir, o que implica uma atitude de solidariedade e compromisso com o sofrimento e as necessidades do outro.