“Não esqueceremos o Papa Francisco. Rezaremos por ele. Mas também lhe copiaremos os exemplos”, disse D. Manuel Linda.
Na Missa de sufrágio pelo falecimento do Papa Francisco, na sexta-feira 25 de abril, D. Manuel Linda sublinhou que Santo Padre “encarnou o espírito e a letra do Concílio”.
“Mas tudo isto lhe provinha e lhe nascia do grande alicerce que é o Concílio Vaticano II, tal como refere o prólogo desse magna Constituição sobre a Igreja no mundo contemporâneo: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS 1). Sim, para Francisco, não houve realidade alguma verdadeiramente humana que não encontrasse eco no seu coração. Poder-se-ia dizer que, quer ao nível das atitudes voltadas para fora, quer na reforma da Igreja, ele encarnou o espírito e a letra do Concílio e mostrou como, ainda hoje, não temos maior novidade sensata que não seja a doutrina conciliar, esse sopro do Espírito com o qual Deus quis retirar algum pó acumulado na face da Igreja para que esta possa brilhar na sua beleza luminosa, tal como o Fundador a sonhou e o Evangelho nos transmitiu”, afirmou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto salientou na sua reflexão que Francisco foi o “Sumo Pontífice de uma igreja frágil” que “conquistou a benevolência de muitos”.
“Muitos recordarão o Papa Francisco pela sua maneira de estar junto das grandes fragilidades deste tempo: dos migrantes e refugiados que fazem do Mediterrâneo um cemitério de vivos; dos velhinhos votados ao abandono e de quem a sociedade despreza o saber e experiência; dos jovens, mormente dos que não podem ou não sabem sonhar; do papel da mulher na Igreja e na sociedade, infelizmente ainda secundarizada pela cultura e hábitos adquiridos; das minorias, mesmo no campo da sexualidade, tantas vezes desprezadas ou até perseguidas; da paz e consequente anti belicismo; do desenvolvimento integral e harmonioso; de um ecumenismo e diálogo inter-religioso respeitadores e fraternos; dos agente de uma Igreja em contínua purificação, como já pedia o Concílio Vaticano II; enfim, na simplicidade de vida e nas atitudes de profundo respeito perante a pessoa com quem estivesse”, assinalou.
Para D. Manuel Linda, “este é, portanto, o grande legado deste Papa extraordinário. Com ele, a Igreja será cada vez mais conciliar, isto é, mais evangélica. E na medida em que assim o for, o mundo encontrará nela um agente e um modelo de união fraterna, respeitadora das diferenças e força empenhada na conjugação do imenso saber disponível com a generosidade de um coração misericordioso ao serviço de todo o mundo, especialmente daqueles que sentem dificuldades de lhe acompanhar o ritmo, seja pelas suas fragilidades pessoais e grupais, seja pelas condições que outros lhe impõem ou até pela falta de ajuda a um desenvolvimento verdadeiramente integral”.
“Não esqueceremos o Papa Francisco. Rezaremos por ele. Mas também lhe copiaremos os exemplos. E rezaremos ainda para que o Espírito de Deus nos conceda, brevemente, um novo Papa, simples para ser aceite pelo mundo, e de total fidelidade evangélica e conciliar, para servir a Igreja na sua contínua purificação e dar-lhe força para continuar a ser fermento de uma nova humanidade”, disse D. Manuel Linda na conclusão da sua homilia.
(VP)