A Ascensão do Senhor aconteceu 40 dias após a Páscoa da Ressurreição, contudo, como a quinta-feira da semana VI da Páscoa, dia em que se completa aquele tempo, é um dia útil, a celebração desta solenidade foi transferida para o VII Domingo da Páscoa.
Na Solenidade da Ascensão, a Igreja celebra o fim da missão para a qual o Pai enviou o seu Filho ao mundo. Esta missão teve início com a Encarnação e culminou quando Jesus “subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim”. Assim professamos a nossa fé cristã, na oração do Credo, recitada em todos os dias do Senhor.
A Palavra de Deus convida-nos à esperança e à missão. À esperança porque Cristo, ao subir aos céus, ao ser definitivamente glorificado pelo Pai, abre o caminho que conduzirá toda a humanidade à glória de Deus, e à missão porque é, no momento da sua Ascensão, que incumbe os seus discípulos de anunciar a Boa Nova a todas as nações, dando assim início ao tempo da Igreja e àquela que será a sua missão fundamental.
1ª Leitura (Act. 1,1-11)
S. Lucas iniciou a narração dos Actos dos Apóstolos com o mesmo acontecimento que finalizou o Evangelho por ele escrito: a Ascensão do Senhor. Embora use o mesmo acontecimento, Lucas refere agora que a Ascensão se deu 40 dias após a Ressurreição, tempo em que Cristo Ressuscitado apareceu vivo aos seus Apóstolos para lhes reavivar a fé e os preparar para a missão que lhes seria confiada.
Antes de deixar definitivamente os Apóstolos e subir ao Céu, onde, sentado à direita de Pai, introduzirá a humanidade na comunhão com o Pai, Jesus repete a promessa do envio do Espírito Santo, que descerá sobre eles e os acompanhará, iluminará e dará a força para que continuem a anunciar o Reino de Deus.
Com a Ascensão inicia-se o tempo da Igreja, uma Igreja em que todos os seus membros são chamados a testemunhar Cristo Ressuscitado a todos os povos e a não ficar parados a olhar passivamente para o Céu.
2ª Leitura (Ef 1,17-23)
Paulo dirige-se aos Efésios invocando que Deus Nosso Senhor Jesus Cristo lhes conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerem e compreenderem a esperança a que foram chamados, a vida plena de comunhão com Deus. A garantia de que a esperança se concretize é dada por Jesus Cristo, a quem o Pai ressuscitou, sentou à sua direita e o colocou como Cabeça de toda a Igreja.
Paulo retoma uma ideia já manifestada em outras cartas, nas quais definia a Igreja como Corpo de Cristo, para reflectir sobre a relação entre as comunidades e Cristo.
Na verdade, Cristo é a Cabeça e a Igreja é o Corpo. Cristo e a Igreja são indissociáveis e, entre ambos, há uma verdadeira relação de comunhão de vida. Como consequência desta relação, as comunidades cristãs devem caminhar no sentido de formar um único Corpo, em comunhão com Cristo, o que só poderá ser alcançado pela existência de uma verdadeira comunhão entre todos os seus membros.
Hoje, também a Igreja, o Corpo de Cristo, constituída por todos os baptizados, deve tomar consciência de que só vivendo em união com Cristo (a cabeça) e com todos os irmãos (os membros) é que poderá caminhar na esperança de uma vida de comunhão com Deus.
Evangelho (Lc 24, 46-53)
Na sua última aparição aos discípulos, Jesus transmite-lhes as suas derradeiras instruções.
Ao despedir-se, Jesus lembra os seus discípulos que os acontecimentos da sua paixão e morte e Ressurreição se enquadram no que é referido nas Escrituras: “o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos o terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém”. Com esta explicação, Jesus convoca os seus discípulos para uma missão concreta: pregação no nome de Jesus do arrependimento e do perdão dos pecados para todos. (nesta missão está bem definida a universalidade da salvação)
E para que os discípulos consigam realizar tal missão, Jesus promete que não os abandonará e continuará a acompanhá-los, não com a sua presença física, mas através do Espírito Santo, que lhes dará o poder e a orientação que necessitam para testemunhar Cristo Ressuscitado e anunciar a salvação a todos os povos.
As palavras de despedida de Jesus definem claramente qual é a missão dos seguidores de Cristo de todos os tempos: testemunhar e anunciar o Evangelho ao mundo.
Os textos evangélicos deste domingo dão-nos a garantia de que o nosso destino, após a nossa peregrinação terrestre, é viver junto a Deus. Por isso, conscientes de que Jesus nos abriu o caminho para também nós acedermos à plena comunhão com Deus, celebremos com alegria e esperança a Ascensão do Senhor.