Robert Barron é um bispo americano que começa a ser tido em conta nas temáticas que se referem à aproximação dos «afastados», esses que acreditam em Deus ou, pelo menos, em que “algo existe”, mas não praticam qualquer fé. Trata-se de um grupo numeroso, pois calcula-se que cerca de metade dos batizados se afasta da Igreja e cada vez mais cedo: quase todos antes dos trinta anos e a maioria entre os treze e os dezoito.
Normalmente, invocam como motivo assuntos que se supunham apreendidos na catequese, mas que lhes passaram ao lado: razão de ser da Missa dominical, compromisso fé/vida, conciliação entre ciência e religião, a Igreja como povo de Deus, etc. Comprova-se, portanto, que a ignorância é a grande inimiga da fé e da Igreja.
Perante isto, o bispo propõe “cinco vias”. Uma é a da solidariedade ou “caminho da justiça”, tão caro aos jovens que sonham com um mundo novo. Em termos simples: se um agente pastoral convidar um afastado para a Missa, este ri-se; mas se o convidar para uma especial campanha solidária, é muito provável que ele adira com entusiasmo. Barron diz mesmo que os jovens gostam da doutrina social da Igreja e daqueles luminares da Patrística que nos ensinaram a ver Cristo nos pobres. E afiança: devemos falar mais de S. João Crisóstomo, de Bartolomeu de las Casas, de Madre Teresa, etc.
Outra via é a da beleza. Os pós-modernos não toleram que se lhes diga o que devem fazer. Mas entusiasmam-se com o que alguém foi capaz de sonhar para exprimir o inefável, o divino. A Sagrada Família, de Barcelona, fala de Deus com a simplicidade e a pujança de uma floresta; a catedral de Chartres prega mais do que todos os compêndios de homilética. Mas a beleza não reside só nas coisas: é mais intensa no ser humano. Uma pessoa dedicada aos outros de alma e coração, com alegria e simplicidade, é mais testemunha do que mestre, para usar a expressão de Paulo VI.
Já sabíamos, há décadas, que a idade crucial para manter ou largar a fé é a adolescência. Também nos damos conta que uma catequese «escolar» não produz os resultados que se esperavam. Então, “uma Igreja em saída” tem de privilegiar novas vias. Não as abandonemos, sob pena de enjeitarmos a própria pedagogia divina.