Por Secretariado Diocesano da Liturgia

Está prestes a começar o Jubileu do ano 2025. Se considerarmos o que pode e deve ser este tempo de graça na vida da Igreja – universal, particular, local – e na caminhada dos cristãos em Igreja, forçoso é reconhecer que andamos algo distraídos, surdos ou indiferentes a esta mobilização geral. De facto, têm sido tantos os «anos especiais» – da Eucaristia, Paulino, da Fé, da misericórdia… – que nem o ressoar da trombeta bíblica do yobel a anunciar o ano da graça e da redenção nos desperta…

Em 11 de fevereiro de 2022, em carta ao presidente do então Conselho Pontifício para a nova evangelização (hoje Dicastério para a evangelização), o Papa Francisco pôs em marcha a sua preparação, lançando o lema que o deveria animar: «peregrinos de esperança». Propunha que a dimensão espiritual do Jubileu, que convida à conversão, se articulasse com uma atenção social solidária e com uma urgente preocupação ecológica. Já então convidou a dedicar o ano anterior ao evento jubilar – este, de 2024, que está a chegar ao seu termo – a uma grande “sinfonia” de oração «para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, escutá-Lo e adorá-Lo».

Segundo a praxe secular, cada jubileu é proclamado através da publicação de uma bula pontifícia, um documento autenticado com o selo papal que outrora era feito de chumbo trazendo numa face a efígie dos Apóstolos Pedro e Paulo e no verso o nome do Pontífice. A “bula” era esse selo metálico, em forma de bola. No caso presente, a “bula” foi promulgada em 9 de maio do corrente ano de 2024 e tem como primeiras palavras, que lhe servem também de título, a frase de Rm 5, 5: «Spes non confundit» (a esperança não engana). O grande voto é o de que «o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança» (n. 1). Recomendamos a leitura deste texto fundamental. Nele se determina que o ano jubilar será inaugurado com a abertura da porta santa da basílica de São Pedro, no Vaticano, em 24 de dezembro p.f.. As portas santas das outras 3 basílicas papais (a catedral – S. João de Latrão –, Santa Maria Maior e São Paulo fora de muros) serão abertas a 28 de dezembro, 1 e 5 de janeiro, respetivamente.

Embora mantendo e enriquecendo o sentido da peregrinação e da “romagem”, o “ano santo” não restringe a Roma a possibilidade de viver esta extraordinária experiência de graça. Como já acontecera em anteriores jubileus – e ainda está vivo na memória o grande jubileu do ano 2000 – também nas Igrejas particulares se poderá fazer a experiência jubilar. Assim, na Bula de proclamação, o Papa determina  que, no domingo 29 de dezembro do corrente ano, em todas as catedrais e concatedrais – e só nessas igrejas – se celebra a abertura solene do Jubileu. Nas Igrejas particulares do mundo católico, o encerramento do ano santo ocorrerá em 28 de dezembro de 2025, no mesmo dia em que serão também encerradas em Roma as «portas santas» das basílicas Lateranense, Santa Maria Maior e São Paulo. O Jubileu Ordinário terminará com o encerramento da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, na dia 6 de janeiro de 2026, solenidade da Epifania do Senhor.

O Secretariado Nacional de Liturgia publicou um subsídio com os textos litúrgicos e as normas para a concessão da indulgência jubilar. Para a celebração da abertura do ano jubilar nas Igrejas particulares são dadas orientações. Esta celebração apenas se pode realizar nas Igrejas catedrais ou concatedrais, sendo excluída a possibilidade de celebração noutras igrejas, mesmo importantes como santuários. A celebração configura-se como uma “Missa estacional”, nos termos do Cerimonial dos Bispos. Estão previstas 3 etapas: 1) reunião do Povo de Deus numa outra igreja para os ritos de introdução; 2) peregrinação/procissão dessa igreja para a catedral; c) celebração eucarística na catedral.

Na Diocese do Porto prevê-se que tenha lugar na Igreja de Santo Ildefonso a collectio ou reunião do Povo de Deus. Após os ritos de introdução, com a proclamação do Evangelho e a leitura de algumas passagens da Bula Papal de proclamação, formar-se-á a procissão com destaque para uma cruz significativa que a abrirá e depois ficará colocada no presbitério da Catedral, perto do altar, durante todo o ano santo. Esta cruz estará também em destaque nos ritos iniciais da Eucaristia na Catedral, começando esta celebração com a bênção e aspersão da água, memória viva do Batismo.