Com o I Domingo do Advento inicia-se um novo ano litúrgico (Ano C), durante o qual predomina a leitura do Evangelho de S. Lucas.
O Advento (vinda, chegada), constituído pelas quatro semana que precedem a celebração do Natal do Senhor, é um tempo de espera e de preparação para celebrar dignamente a primeira vinda do Filho de Deus, Jesus Cristo.
Neste tempo somos convidados a dirigir o nosso espírito para a comemoração da primeira vinda e, ao mesmo tempo, para a esperança de uma segunda e definitiva vinda de Jesus Cristo, no fim dos tempos.

I LEITURA (Jer 33,14-16)
A primeira Leitura, retirada do Livro de Jeremias, situa-se numa altura em que a cidade de Jerusalém estava cercada pelo exército da Babilónia, situação que gerou no Povo de Israel o desânimo e a falta de esperança num Deus libertador e salvador.
É no contexto de uma possível desgraça que o profeta Jeremias, em nome do Senhor, anuncia que chegará um tempo melhor, porque Deus, fiel à sua Aliança, cumprirá as suas promessas. E para que esse tempo melhor aconteça, Ele enviará um descendente de David com a missão de construir um mundo novo, de paz e de justiça. Este anúncio profético de Jeremias reacende a confiança e a esperança do Povo.
Num tempo em que há muitas situações que são geradoras de desânimo, de insegurança e de incerteza em relação ao futuro, é necessário que os cristãos não se deixem abater e mantenham a esperança e confiança num tempo melhor, porque, como anunciou o profeta, Deus é fiel à sua Palavra e cumprirá as suas promessas.

II LEITURA ( 1 Tes 3,12–4,2)
A segunda Leitura é retirada da carta aos Tessalonicenses, que é o escrito mais antigo do Novo Testamento.
Paulo dirige-se à comunidade de Tessalónica, uma comunidade formada na sua segunda viagem missionária, exortando os Tessalonicenses a “…crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós a temos tido para convosco”.
S. Paulo reconhece que a comunidade já procede de acordo com as instruções recebidas, mantendo vivo o desejo de agradar a Deus, porém, chama a atenção de que devem progredir no sentido de continuar a crescer no amor.
Este riquíssimo texto da carta de S. Paulo contém mensagens que se aplicam perfeitamente às comunidades de todos os tempos. Essas mensagens lembram-nos que na nossa vida cristã devemos colocar, em primeiro de tudo, a prática do amor e o desejo de agradar a Deus, mas, também nos advertem que a vivência cristã não tem limite, é um caminho que nunca está concluído. Por isso, os cristãos não se devem acomodar, não devem ficar satisfeitos com que já fizeram, mas ter sempre o desejo de progredir, renovando permanentemente a sua fé e o seu compromisso cristão.

EVANGELHO (Lc 21,25-28.34-36)
No Evangelho, Jesus anuncia aos seus que discípulos que “hão de ver o Filho do Homem vir numa nuvem, com grande poder e glória”.
O cenário referido por Jesus (o mesmo utilizado pelos profetas para falar do dia em que Deus intervirá na História para libertar o seu Povo) não é para que os discípulos tenham medo, mas uma alegre esperança nesse dia de libertação e salvação – ”erguei-vos e levantai a cabeça”, porque será o tempo em que a “…libertação estará próxima”.
Na segunda parte do texto, Jesus Cristo usa a forma imperativa para dizer aos discípulos: “Vigiai e orai em todo o tempo…”, explicitando as razões por que devem ter tal procedimento.
A mensagem de Jesus Cristo não se destina exclusivamente aos discípulos daquele tempo, mas aos de todos os tempos. Na verdade, Ele também nos diz para não ter medo, recusar tudo o que torna o nosso coração fechado, insensível às coisas de Deus, e caminhar com alegria e esperança na libertação e salvação. Ao mesmo tempo, Ele nos pede para esperar a sua vinda em atitude de oração e vigilância, não aconteça que sejamos surpreendidos por esse dia em que compareceremos diante do Filho do Homem.
Que o Tempo de Advento seja um período de reflexão, de vigilância, de oração e, principalmente, de renovação da fé e esperança.

I DOMINGO DO ADVENTO