II Domingo da Páscoa

Com o Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor iniciou-se um novo tempo litúrgico, o Tempo Pascal, que se prolongará até ao Domingo de Pentecostes.
É um tempo que deve ser celebrado com alegria, como se tratasse de um só dia festivo, e vivido de forma a contemplarmos e anunciarmos o mistério da nossa fé: a Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus do II Domingo da Páscoa, designado também Domingo da Divina Misericórdia, fala-nos das primeiras comunidades cristãs, dos dons recebidos pela Ressurreição de Cristo, bem como de Cristo que ressuscitou verdadeiramente e vive no meio de nós.

O Evangelho deste Domingo situa-se: «na tarde daquele dia, o primeiro da semana». Os discípulos estavam reunidos com medo dos judeus, mas Jesus coloca-se no meio deles e saúda-os com a Sua Paz, mostra-lhes as marcas da Paixão e concede-lhes o dom do Espírito Santo para que eles sejam sinal de reconciliação e de paz junto daqueles a quem são enviados.

Mas Tomé, aquele a quem chamavam Dídimo, não estava com o grupo neste momento e, tendo regressado, afirma que só acreditará se vir com os seus próprios olhos e tocar com as suas mãos. Por isso, Jesus volta a aparecer aos Seus discípulos e o Evangelho indica que tudo isto aconteceu «oito dias depois».

As indicações temporais que o Evangelho nos apresenta não são apenas as anotações jornalísticas para situar a acção descrita. Nestas indicações temporais encontramos o ritmo da vida da Igreja: «o primeiro da semana» e «oito dias depois». Este é o ritmo da assembleia cristã que hebdomadariamente, isto é, semanalmente, se reúne, Domingo após Domingo, para celebrar a sua fé e proclamar a certeza de que o Ressuscitado acompanha a Sua Igreja, oferecendo-lhe a Sua Paz e concedendo-lhe o dom do Espírito.

Por isso, cada Domingo é o Dia do Senhor, dia de festa e de alegria, onde a comunidade cristã reunida à volta da mesa do altar, escutando a Palavra do Senhor e partilhando o Seu pão, renova a certeza desse amor maior que se faz entrega total e plena na Cruz. Ninguém está dispensado desta reunião festiva dos filhos de Deus. A aventura da Fé não é uma aventura isolada à qual nos propomos sozinhos. Como Tomé, quando nos afastamos da comunidade, o desafio de acreditar torna-se mais difícil e exigente. Aquele que se afasta da comunidade afasta-se da experiência comunitária de Jesus, do lugar privilegiado onde Deus se revela e manifesta como Rosto da misericórdia do Pai.

O Evangelho apresenta Tomé como Dídimo, isto é, gémeo. Na verdade, Tomé não está sozinho. Também nós duvidamos, vacilamos e titubeamos, sobretudo quando nos propomos a caminhar sozinhos, quando nos afastamos da comunidade ou quando ferimos a comunhão e unidade pelas divisões e discórdias que nos afastam dos outros e que afastam os outros. O melhor testemunho que a Igreja pode oferecer ao mundo é a sua comunhão e unidade, com comunidades acolhedoras, geradoras de relações fraternas, para que guiadas e iluminadas pelo Espírito Santo se tornem lugares da Paz que só o Ressuscitado e o Seu infinito amor podem oferecer e garantir.

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». O Ressuscitado identifica-se diante dos discípulos mostrando-lhes «as mãos e o lado». As marcas da paixão identificam Jesus e revelam que o Ressuscitado é Aquele que oferece a Sua vida por nós. Mas também hoje, Jesus continua a revelar as marcas da Sua paixão e do Seu sofrimento nas chagas dolorosas dos que se cruzam connosco. Confessar a fé em Jesus Cristo Ressuscitado é viver atento ao sofrimento dos irmãos e procurar responder com gestos concretos de proximidade e misericórdia.

Somos discípulos missionários. Somos enviados ao jeito de Jesus, para que as nossas vidas se tornem feliz anúncio da misericórdia de Deus. Não basta sermos crentes, precisamos ser credíveis, proclamando com a vida aquilo que os nossos lábios professam.
(Voz Portucalense)    

Domingo da Divina Misericórdia

No ano 2000, o Papa S. João Paulo II canonizou Santa Faustina e declarou que daquele dia em diante, o segundo Domingo da Páscoa seria também designado como Domingo da Misericórdia. Além disso, S. João Paulo II «estabeleceu que o citado Domingo seja enriquecido com a Indulgência Plenária, para que os fiéis possam receber mais amplamente o dom do conforto do Espírito Santo e desta forma alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo e, obtendo eles mesmos o perdão de Deus, sejam por sua vez induzidos a perdoar imediatamente aos irmãos» (Decreto da Penitenciaria Apostólica, 2002). Que este momento peculiar da história que estamos a atravessar nos estimule a recordar a misericórdia infinita do Pai, revelada em Jesus Cristo na força do Espírito Santo. Neste Domingo da Misericórdia aliada à prática das diversas devoções deixadas por Santa Faustina como o Terço da Misericórdia, poderá ser oportuna a meditação em família de uma das Parábolas da Misericórdia. Além disso, podemos usar as redes sociais e os nossos meios de comunicação à distância para agradecer àqueles que são para nós sinal próximo da misericórdia de Deus. (Voz Portucalense)

II DOMINGO DA PÁSCOA