S. João Baptista, comummente conhecido por São João, tornou-se muito popular, especialmente no nosso país, não propriamente pela sua importância em termos religiosos, mas por todas as festividades realizadas em seu nome.
São bem conhecidas as tradicionais noites de S. João do Porto, de Braga ou de muitos outros lugares, bem como os programas de festas que lhes estão associados, os quais incluem uma gastronomia muito própria, os arraiais, os bailes, os concertos, o fogo de artificio, os martelinhos e o alho porro, etc.
Mas, a memória de S. João Baptista não pode ser feita somente pelas tradições populares, independentemente de estas serem culturalmente relevantes. Impõe-se que este santo seja também lembrado numa perspectiva cristã.
Quem foi João Baptista? Por que razão ele teve um papel importante na História da Salvação?
João Baptista era filho de Zacarias, um sacerdote do templo, e de Isabel, prima de Maria, Mãe de Jesus. O seu nascimento é fruto de um dom de Deus ao casal, pois ambos, por terem uma idade avançada, já não podiam gerar filhos. Ele é, pois, um eleito de Deus, um profeta, a quem Deus escolheu desde o ventre materno para ser o precursor de Jesus, ou seja, para anunciar e preparar os caminhos do verdadeiro Messias.
João Baptista, citado pelos quatro Evangelistas e em escritos de historiadores da época, além de ter sido uma figura marcante na história religiosa dos primeiros cristãos, teve, pela importância da sua missão, um papel único na História da Salvação. É a ele que Jesus Cristo se refere quando afirma: “Entre os nascidos de mulher não há profeta maior do que João” (Luc 7,28)
Num tempo em que o povo estava subjugado pelo poder romano e desapontado com os seus líderes religiosos, o que o fazia esperar ansiosamente a vinda de um messias que o libertasse, apareceu João Baptista que, depois de ter levado uma vida eremítica, começou a pregar no deserto: “convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu” (Mt 3, 2). A conversão era concretizada pelo arrependimento e pelo baptismo nas águas do Jordão.
Apesar de ter conquistado muitos seguidores, João Baptista sabia bem quem era, qual era a sua missão e qual era realmente o seu poder. Por isso, afirmou “Eu batizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de lhe descalçar as sandálias. Ele há de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo”.(Mt 3, 11)
E a sua humildade é bem manifestada quando Jesus Cristo veio ter com ele para ser baptizado – “Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e tu vens a mim?”
João Baptista, o último dos profetas, foi preso por denunciar o pecado do casamento do rei Herodes com a mulher do seu irmão e morreu por decapitação por volta do ano 30 d.C. A data do seu martírio é também celebrada pela Igreja, no dia 29 de Agosto.
De facto, João Baptista foi fundamental no projecto de Deus realizado em Jesus Cristo. Ele foi o precursor de Jesus. Além de o anunciar, ele identificou Jesus como ninguém, especialmente quando disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
A celebração da Natividade de S. João Baptista, único santo de quem a Igreja celebra o seu nascimento, não pode deixar os cristãos indiferentes. Numa perspectiva cristã, festejar o S. João é olhar para o seu ministério e seguir o seu exemplo. Ele deve-nos estimular a ser humildes anunciadores de Cristo e do caminho de salvação por Ele oferecido a todos.