No XXXIV Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Esta solenidade, que marca o fim do ano litúrgico (ano B), foi instituída pelo Papa Pio XI, no encerramento do ano santo de 1925. Inicialmente, a festa de Cristo Rei era celebrada no domingo anterior à solenidade de Todos os Santos, data que, depois da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, foi alterada para o último domingo do tempo comum de cada ano litúrgico.
A Palavra de Deus apresenta-nos Jesus Cristo como o Rei do Universo, um rei cuja soberania tem por base o amor, e fala-nos do Reino de Deus, esse reino de verdade, amor, paz e justiça, a que todos somos chamados a participar.
I LEITURA (Dan 7,13-14)
A primeira leitura relata-nos parte da primeira “visão” de Daniel, na qual o autor anuncia a intervenção de Deus na história do mundo. Tal intervenção far-se-á através de um “Filho do Homem”, a quem será entregue “o poder, a honra e a realeza”, e que virá “sobre as nuvens “ao encontro da humanidade para instaurar um novo reino sobre a terra.
Esse reino, que será construído por critérios e valores completamente diferentes dos praticados pelos poderes terrenos, não será efémero e prolongar-se-á por todos os tempos – “o seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído”.
O “Filho do Homem” anunciado pelo profeta é uma referência clara à realeza de Jesus Cristo, o Messias de Deus, que virá instaurar um novo reino, o Reino de Deus, e acabar com todos os reinos geradores de opressão, violência e de injustiças.
II LEITURA (Ap 1,5-8)
A segunda Leitura, retirada do Apocalipse, é a interpretação cristã da figura do “Filho do Homem” apresentada na primeira. O autor apresenta a figura de Jesus Cristo à comunidade cristã que, naquele tempo, era alvo de perseguições, definindo-O com três títulos cristológicos – “a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra”. É uma “testemunha fiel” porque com os suas palavras e actos de amor, serviço e doação deu testemunho do amor de Deus; é o “primogénito dos mortos”, pois foi o primeiro que morrendo destruiu a morte e ressuscitando garantiu a vida plena; o “príncipe dos reis da terra” porque deu início a um reino de vida e felicidade plena.
Em seguida, refere que “Ele virá entre as nuvens”, a fim de instaurar um Reino de amor e felicidade que nunca mais terá fim, e termina convidando a comunidade cristã a aceitar Cristo como o centro da história humana, aquele que é o Alfa e o Ómega, ou seja, o princípio e o fim de todas as coisas.
A mensagem desta segunda leitura deve suscitar a todos os crentes, particularmente nos que estão integrados nas comunidades do nosso tempo, as seguintes questões: será que Jesus Cristo é realmente o centro da minha vida cristã? Será que, na minha comunidade, Jesus Cristo é também o centro de todas as coisas?
EVANGELHO (Jo 18,33-37)
No Evangelho, constituído por uma passagem da Paixão segundo S. João, Jesus Cristo confirma diante de Pilatos que é realmente Rei.
No diálogo de Jesus com Pilatos, estão representados dois reinados completamente distintos: o reinado de Deus, personificado em Jesus Cristo, fundado no amor, na doação, na partilha, no serviço, na justiça e na paz, e o reinado instituído no mundo, representado por Pilatos, construído com base em coisas puramente terrenas.
Na verdade, Jesus Cristo é o Rei de um Reino anunciado e testemunhado por Ele próprio, “Um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz. (prefácio desta solenidade).
Pelo baptismo tornamo-nos sacerdotes, profetas e reis, o que nos compromete a participar activamente na edificação do Reino de Deus. Não é, pois, suficiente rezar no Pai Nosso “venha a nós o vosso Reino”, mas é necessário aceitar Cristo como nosso Rei e ser construtores do Reino de Deus no mundo.