O discípulo João disse: Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome e nós o proibimos, porque ele não nos segue. Não o proibais – disse Jesus. Quem não é contra nós é a nosso favor.
Como viver esse Evangelho no dia de hoje?
Quem participa de outra igreja, religião ou filosofia de vida e faz verdadeiramente o bem ao próximo, também vive o Evangelho. Mesmo que não concordemos com tudo nesses grupos, sempre é possível e necessário o respeito recíproco. À pergunta sobre até onde se estende a Igreja, Santo Agostinho respondia: Ela abraça todos os justos até Abel, irmão de Caim. E São Tomás de Aquino dizia: A Igreja se estende a todos os que Cristo alcança com seus braços abertos na cruz.
Palavras do Santo Padre
O Evangelho da liturgia de hoje narra um breve diálogo entre Jesus e o apóstolo João, que fala em nome de todo o grupo de discípulos. Eles viram um homem que expulsava demônios em nome do Senhor, mas impediram-no de o fazer porque não pertencia ao seu grupo. Jesus, neste momento, convida-os a não impedirem aqueles que praticam o bem, pois concorrem para realizar o projeto de Deus (cf. Mc 9, 38-41). […] As palavras de Jesus revelam uma tentação e oferecem uma exortação. A tentação é o fechamento. Os discípulos desejavam impedir uma obra de bem só porque a pessoa que a realizava não pertencia ao seu grupo. Eles pensam que têm “direitos exclusivos sobre Jesus” e que são os únicos autorizados a trabalhar pelo Reino de Deus. Mas deste modo acabam por se sentir prediletos e consideram os outros como estranhos, a ponto de se tornarem hostis para com eles. Com efeito, irmãos e irmãs, cada fechamento afasta quantos não pensam como nós. E isto – como sabemos – é a raiz de tantos males da história: a partir do absolutismo que muitas vezes gerou ditaduras e de tantas violências para com aqueles que são diferentes. Mas também devemos vigiar sobre o fechamento na Igreja. Porque o diabo, que é o divisor – é isso que a palavra “diabo” significa, ele faz divisão – insinua sempre suspeitas para dividir e excluir pessoas. (Angelus de 26 de setembro de 2021)