Evangelho de João 14,27-31

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo.

Como viver esse Evangelho no dia de hoje?

Jesus nos deixou a sua paz. A paz é uma forte indicação da presença de Jesus Ressuscitado no meio da comunidade. De fato, no dia da ressurreição, no primeiro encontro com os seus discípulos, o Ressuscitado deseja-lhes a paz. O Ressuscitado nos propõe a paz justamente logo depois dele ter sido vítima de violência. Nós, seus discípulos, optamos sempre pela paz, mesmo quando tudo e todos parecem optar pelo contrário; optamos pela paz, mesmo quando a violência bate à nossa porta.

As palavras dos Papas

É um dom a pedir, o de saber ver a certeza da Páscoa em todas as tribulações da vida sem desanimar, recordando, como escrevia outro grande Padre oriental, que «o maior pecado é não acreditar nas energias da Ressurreição» (Santo Isaac de Nínive, Sermones ascetici, I, 5). Portanto, quem mais do que vós pode entoar palavras de esperança no abismo da violência? […] da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Médio Oriente ao Tigray e ao Cáucaso, quanta violência! E diante de todo este horror, sobre os massacres de tantas vidas jovens, que deveriam provocar indignação, porque em nome da conquista militar são as pessoas que morrem, sobressai um apelo: não tanto do Papa, mas de Cristo, que repete: «A paz esteja convosco!» (Jo 20, 19.21.26). E especifica: «Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá» (Jo 14, 27). A paz de Cristo não é o silêncio sepulcral depois de um conflito, não é o resultado de um esmagamento, mas é um dom que olha para as pessoas e reativa a sua vida. Rezemos por esta paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e começar. […] Os povos querem a paz e eu, com o coração nas mãos, digo aos responsáveis dos povos: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem ser silenciadas, pois não resolvem os problemas, mas só os aumentam; pois ficará na história quem semeia a paz, não quem ceifa vítimas; pois os outros não são sobretudo inimigos, mas seres humanos… (Papa Leão XIV, Discurso aos participantes do Jubileu da Igrejas Orientais, 14 de maio de 2025)