Viver a Palavra

Evangelho Lucas 6,12-19 O Evangelho nos conta que Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite inteira em oração. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Na oração o mais importante não é… eu procurar-te, ó Deus, mas sim que tu me procuras por todos os caminhos (Gen 3,9); o mais importante não é eu chamar-te pelo nome, mas sim que tu tens o meu nome marcado na palma da tua mão (Is 49,16); Eu compreender-te, mas sim que tu me compreendes até ao meu último segredo (1Cor 13,12); eu amar-te com todo o meu coração e com todas as minhas forças, mas sim que tu me amas com todo o teu coração e com todas as tuas forças (Jo 13,1). Porque, como é que eu seria capaz de procurar-te, chamar-te, amar-te… se tu não me procurasses, chamasses e me amasses primeiro? (Cf. Benjamin Gonzalez Buelta, sj). Palavras do Santo Padre «Naqueles dias, Jesus foi para o monte a fim de fazer oração, e passou a noite a orar a Deus. Aquando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu doze entre eles aos quais deu o nome de apóstolos» (6, 12-13). Jesus escolhe-os depois de uma noite de oração. Parece que não há outro critério nesta escolha senão a oração, o diálogo de Jesus com o Pai. […] Não esqueçamos que o que sustenta cada um de nós na vida é a oração de Jesus por todos nós, com nome, sobrenome, perante o Pai, mostrando-lhe as feridas que são o preço da nossa salvação. Mesmo que as nossas orações fossem apenas balbúcies, se estivessem prejudicadas por uma fé vacilante, nunca devemos deixar de confiar n’Ele, eu não sei rezar mas Ele ora por mim. Sustentadas pela oração de Jesus, as nossas tímidas preces apoiam-se nas asas da águia e elevam-se ao Céu. Não vos esqueçais: Jesus está a rezar por mim –   Agora?  –  Agora. No momento da provação, no momento do pecado, também naquele momento, Jesus com muito amor está a rezar por mim. (Audiência Geral de 12 de junho de 2021)

Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 6,6-11 Na sinagoga, Jesus encontra um homem de mão seca e o cura, mesmo sabendo que os fariseus e mestres da lei iriam acusá-lo por esse ato de bondade em dia de sábado. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Jesus cura aquele homem de mão seca num dia de sábado, mesmo sabendo que pela interpretação das autoridades isso não era permitido. Observe que o que move o coração de Jesus é amar, fazer o bem e ele o faz, mesmo se encontra oposição ao seu redor. Com isso fica claro que para Deus o amor ao próximo está acima dos outros mandamentos. Estejamos atentos, pois poderíamos nos autoavaliar como bons cristãos e, no entanto, estarmos falhando no amor ao próximo… Palavras do Santo Padre Nos Evangelhos, muitas páginas narram os encontros de Jesus com os doentes e o seu compromisso por cuidar deles. Ele apresenta-se publicamente como alguém que luta contra a enfermidade e que veio para curar o homem de todos os males: o mal do espírito e o mal do corpo. […] Jesus nunca se subtraiu aos seus cuidados. Jamais passou além, nunca virou o rosto para o outro lado. E quando um pai ou uma mãe, ou então até simplesmente pessoas amigas traziam um doente à sua presença para que o tocasse e curasse, não perdia tempo; a cura vinha antes da lei, até daquela tão sagrada como o descanso do sábado. Os doutores da lei repreendiam Jesus porque Ele curava no dia de sábado, fazia o bem no dia de sábado. Mas o amor de Jesus consistia em dar a saúde, em fazer o bem: e isto vem sempre em primeiro lugar! […] A Igreja convida à oração incessante pelos nossos entes queridos, atingidos pelo mal. A prece pelos doentes nunca deve faltar. Aliás, temos que rezar ainda mais, tanto pessoalmente como em comunidade. (Audiência Geral de 10 de junho de 2015)

Eucaristia é um vínculo que fortalece o vigor da própria Igreja

Neste domingo foi divulgada uma mensagem em vídeo do Papa Francisco por ocasião da abertura do 53º Congresso Eucarístico Internacional em Quito que se realiza de 8 a 15 de setembro sobre o tema “Fraternidade para curar o mundo”. O Papa iniciou elogiando tema recordando que “as lições que podemos aprender com a Sagrada Eucaristia sempre nos surpreendem”. Um só corpo purificado pelo Espírito Santo Citando Santo Agostinho Francisco disse “que o sinal do pão acende no Povo de Deus o desejo de fraternidade, pois assim como o pão não pode ser amassado de um único grão, também devemos caminhar juntos, porque ‘embora sejamos muitos, somos um só corpo, um só pão’. É assim que crescemos como irmãos, é assim que crescemos como Igreja, unidos pela água do batismo e purificados pelo fogo do Espírito Santo. Eucaristia um vínculo que fortalece o vigor da própria Igreja Para exemplificar a união entre fraternidade e Eucaristia o Santo Padre falou sobre o gesto de uma religiosa alemã Angela Autsh, que morreu no campo de concentração de Auschwitz. A religiosa, antes de ser presa, convidava todos, crianças, parentes e aos que eram devotos a rebelar-se contra o mal que dominava com gestos simples e, em certas áreas, perigosos, ou seja, aproximar-se o máximo possível do Sacramento do altar, rebelar-se comungando”. Para ela, comungar era encontrar na Eucaristia um vínculo que fortalece o vigor da própria Igreja, um vínculo que fortalece esse vigor entre seus membros e com Deus, e ‘organizou’ a rede de resistência que o inimigo não pode desfazer, porque não responde a um desígnio humano”. Francisco disse que estes “são esses gestos simples que nos tornam mais conscientes do fato de que, se um membro sofre, todo o corpo sofre com ele; são eles que nos ajudam a nos tornarmos cireneus de Cristo, que tomou sobre si o peso da dor do mundo para curá-lo”. Curar o mundo Por fim o Santo Padre convidou todos a “aprender essa lição, recuperar essa fraternidade radical com Deus e entre os homens. Somos um, no único Senhor da nossa vida; somos um de um modo que não podemos compreender plenamente, mas o que compreendemos é que somente nessa unidade podemos servir ao mundo e curá-lo. Curar o mundo”.

Amigo é quem chora e sorri comigo

Quando sentimos alegria e não temos com quem a partilhar, ela transforma-se em tristeza. Assim também com uma tristeza que, quando temos alguém com quem a partilhar, nos pesa um pouco menos. A amizade é compaixão, quer no sentido de paixão enquanto um grande atração e contentamento, como paixão no sentido oposto, de um grande sofrimento que se tem de suportar. Se a felicidade do teu amigo não te encanta, talvez a amizade não seja profunda! É por isso que cada vez menos pessoas partilham as razões das suas alegrias mais profundas, pois muitas vezes a amizade revela-se apenas superficial. Um amigo é alguém que decidiu, com consciência e vontade, cuidar de mim, mesmo quando isso significar prejuízo para ele. Cabe a cada um de nós manter ou não uma amizade, porque ninguém é obrigado a ser amigo da melhor pessoa do mundo, nem a não o ser da pior pessoa do mundo. Ser amigo implica trocar, muitas vezes, a minha paz por dores que só são minhas se eu as quiser, e um amigo quer, quer sempre… ser amigo é deixar de ter só a minha vida para passar a estar presente em várias! Ninguém pode ter muitos amigos, porque isso equivale a não ter nenhum. A amizade exige uma enorme dedicação e tempo, o que torna impossível manter muitas relações profundas. Ser amigo implica uma escolha que se faz sem grande lógica, mas com certeza. Os meus amigos desejam tanto a minha felicidade como eu, mas a sua mais nobre missão é a de me ampararem nos períodos mais difíceis. Para alguns amigos, a ausência de notícias é um bom sinal, indicando que está tudo bem. O amor faz-se de muitas lágrimas. Como não há outra forma de ser feliz senão amando, chorar é a prova clara de uma felicidade que não se tem, mas que se quer. (© iMissio)

XXIII Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus do XXIII Domingo do Tempo Comum garante-nos que Deus está atento aos problemas e às necessidades concretas dos homens, não os abandona nas suas dificuldades e tudo faz para que mantenham viva a esperança de um futuro pleno de vida e felicidade. I Leitura (Is 35,4-7) No tempo de exílio na Babilónia, o Povo começou a pensar que Deus o abandonou e, por isso, sentiu-se desanimado, desesperado e incapaz de reagir contra o seu infortúnio. É neste contexto de desespero e de desconfiança pelo abandono de Deus que o profeta Isaías anuncia que o Senhor virá ao encontro do seu Povo para o libertar e salvar. O anúncio da libertação e salvação é relatado neste texto de Isaías com imagens que representam a acção libertadora de Deus: cegos, mudos, surdos e coxos que voltam a ver, a falar, a ouvir e a andar; um deserto onde correrá água; uma terra árida que será fecunda. A cura de doenças e deficiências do homem e a transformação da natureza anunciadas, sinais da vida nova resultante da libertação, faz com que a situação de desespero se transforme em alegria e renasça no Povo a esperança no Senhor. O cumprimento desta mensagem do profeta concretizar-se-á na vida e obra de Jesus Cristo, como nos narra o texto evangélico da cura do surdo-mudo. Reflectindo sobre este texto, pode-se concluir que Deus não abandona o seu povo e, apesar de parecer que está ausente, está atento aos seus problemas e vem em seu auxílio.    II Leitura (Tg 2,1-5) Continua a nossa reflexão sobre a carta de Tiago, cuja leitura foi iniciada no passado domingo. Nos versículos que compõem a passagem de hoje, o autor alerta as comunidades cristãs daquele tempo, e evidentemente as de todos os tempos, para que não sejam estabelecidas distinções entre as pessoas e que não utilizem critérios de avaliação que determinem acções de discriminação. Também os cristãos, que a aderiram a Jesus Cristo e aceitaram segui-Lo, devem ter sempre presente o seu exemplo, que a todos acolheu e salvou. Não façamos, por isso, distinção de pessoas, não marginalizemos ninguém. Tenhamos o mesmo procedimento de Jesus que nunca julgou pelas aparências ou condições sociais e denunciou sempre todas as formas de discriminação.  Evangelho (Mc 7,31-37) Depois das reacções negativas que encontrou na Galileia ao seu projecto de salvação, Jesus passou pela Decápole (conjunto de 10 cidades gregas, pagãs e que não estavam sujeitas à lei judaica), um território que, segundo a teologia de Israel, estava excluído do projecto salvífico de Deus. É neste território que Jesus faz o milagre da cura de um surdo-mudo. Este acontecimento, que leva a concentrar a nossa atenção na cura física, está muito para além desse facto. Diz-nos o evangelista Marcos, que o surdo-mudo foi conduzido à presença de Jesus. Não é o surdo-mudo que toma a iniciativa de se encontrar com Jesus, mas é trazido à sua presença. Esta descrição apresenta-nos uma das missões das comunidades cristãs de todos os tempos: provocar o encontro dos homens com Jesus. Pelos gestos e forma como concretiza a cura – “Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te» ”-, Jesus pretende transmitir que actua em perfeita comunhão com o Pai e para cumprimento da missão que Lhe foi confiada, a qual passa pela abertura dos ouvidos e dos corações de todos os homens, de modo que possam escutar, acolher, anunciar e partilhar a Palavra de Deus. Além disso, ao fazer esta cura a um pagão, Jesus também quis dar o sinal de que a salvação não se destina exclusivamente ao povo escolhido, mas também a todos aqueles que aceitem encontrar-se com Jesus para escutar e acolher a Palavra de Deus. Ao fazer a cura do surdo-mudo, Jesus concretiza uma das profecias messiânicas relatadas na primeira leitura – os surdos ouvem e os mudos falam – e evidencia que na sua missão de comunicar a todas as pessoas vida em abundância elege as mais necessitadas e marginalizadas como primeiras destinatárias. Esta passagem do evangelho de Marcos deve levar-nos a reflectir se os nossos ouvidos e corações estão abertos e disponíveis ou se, por egoísmo, comodismo ou indiferença, se mantêm fechados, impedindo que ouçam a Palavra de Deus e a anunciem aos outros.  XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM