Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 4,38-44 Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta e Jesus a curou. Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes em suas casas, os levaram a Jesus, que curou a todos. De muitas pessoas os demônios saíam gritando. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Não é a primeira vez que aparece o demônio “saindo”, isto é, fugindo da presença de Deus, aos gritos. O demônio não fica junto de Deus! Isso serve de orientação para nós: quer proteger sua família das ciladas do mal? Quer você pessoalmente seguir o caminho do bem? Esteja pertinho de Deus. Você sabe como! Palavras do Santo Padre Pregar e curar: esta é a atividade principal de Jesus na sua vida pública. Com a pregação Ele anuncia o Reino de Deus e com as curas demonstra que está próximo, que o Reino de Deus se encontra no meio de nós. Ao entrar na casa de Simão Pedro, Jesus vê que a sua sogra está de cama com febre; imediatamente lhe pega na mão, cura-a e diz-lhe para se levantar. Ao pôr-do-sol, quando, tendo terminado o sábado, o povo pode sair e levar-lhe os doentes, cura uma multidão de pessoas atormentadas por doenças de todos os géneros: físicas, psíquicas, espirituais. Tendo vindo à terra para anunciar e realizar a salvação de todo o homem e de todos os homens, Jesus mostra uma particular predileção por quantos estão feridos no corpo e no espírito: os pobres, os pecadores, os possuídos pelo demónio, os doentes, os marginalizados. Assim Ele revela-se médico tanto das almas como dos corpos, bom Samaritano do homem. É o verdadeiro Salvador, Jesus cura, Jesus sara. (Angelus de 8 de fevereiro de 2015)
Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 4,16-30 Jesus comenta, na sinagoga de Nazaré, o trecho do profeta Isaías: O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção. E acrescenta: hoje, se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? As palavras do Evangelho possuem uma atualidade eterna. São eternas porque foram pronunciadas pelo Eterno e, são atuais porque Deus faz com que se cumpram em todos os tempos. O Evangelho que você escuta a cada dia é exatamente aquilo que Deus quer de você no momento presente da vida. Hoje se cumpriu o que acabastes de ouvir. Palavras do Santo Padre Jesus começa assim: «Hoje cumpriu-se esta escritura». Reflitamos sobre este hoje. […] A Palavra de Deus é sempre “hoje”.[…] A profecia de Isaías remontava a séculos, mas Jesus, «pelo poder do Espírito», torna-a atual e, sobretudo, leva-a a cumprimento, indicando o modo de receber a Palavra de Deus: hoje. […] Fala hoje ao teu coração. Os concidadãos de Jesus impressionaram-se com a sua palavra. Não obstante enevoados pelos preconceitos, não acreditem nele, percebem que o seu ensinamento é diferente daquele dos outros mestres: intuem que em Jesus há algo mais. O quê? Há a unção do Espírito Santo. Às vezes acontece que os nossos sermões e os nossos ensinamentos permanecem genéricos, abstratos, não comovem a alma nem a vida do povo. E por quê? Porque lhes falta a força deste hoje, aquilo que Jesus “enche de significado” com o poder do Espírito é o hoje. Hoje fala-te. (Angelus de 23 de janeiro de 2022)
Cuidar de mim é o primeiro passo para melhor cuidar dos outros

Cuidar pode traduzir-se na atenção ao outro, na empatia pelas suas necessidades, na promoção do seu bem-estar, dar de si, partilhar, interdepender. Assenta no amor ao próximo, em querer o seu bem e contribuir para o mesmo, através da doação da sua vida, do seu tempo, dos seus recursos. Há, desde cedo, na educação, um grande foco em treinar o altruísmo, a empatia, a solidariedade, a entreajuda. Indubitavelmente, valores essenciais para uma vida comunitária harmoniosa e pacífica. Estes valores contrapõem-se ao egoísmo, pelo que também desde cedo, talvez até cedo demais, são assinalados de imediato quaisquer vestígios de egoísmo na criança, ainda que possam ser perfeitamente naturais para a sua idade, e até estruturantes para a construção de uma autoestima saudável. A atitude de amarmos os outros, como a nós próprios, deveria refletir nos outros o mesmo cuidado, respeito e compaixão que temos por nós próprios. Assim, na infância, é necessário encher o reservatório de afeto para, posteriormente, poder dar ao outro. Se este reservatório fica incompleto, pode originar uma carência, que o indivíduo vai procurar completar durante toda a vida, através das relações que estabelece, numa atitude de extração e não de doação (ainda que assim possa parecer). É importante validar as características individuais da criança, os seus objetos, as suas vontades. Desse modo, estamos a apoiar a construção da sua individualidade, ou seja, a fazê-la entender que é um Ser separado dos outros, único. Para Andrew Samuels, Bani Shorter e Fred Plaut (1988), no Dicionário Crítico de Análise Jungiana (1988), individuação é um processo que possibilita que a pessoa se torne inteira, indivisível e distinta de outras pessoas ou da psique coletiva. Este processo é vital para a construção saudável da personalidade e das relações. Quanto melhor nos conhecermos, e quanto mais gostarmos de nós, melhor compreenderemos os outros e mais empatia seremos capazes de sentir. Se não estamos bem, se não desenvolvemos o autocuidado, o respeito e a compaixão por nós próprios, poderá existir a tendência para nos focarmos nessa carência e não estarmos totalmente disponíveis para o outro. Se nos preocupamos mais com os outros do que connosco, já introduzimos um desequilíbrio que, reiterado, poderá contribuir para relacionamentos pouco saudáveis e, em último caso, para a doença. Quando o nosso foco é colocado, quase exclusivamente, nas necessidades do outro e, qualquer ato a favor de si próprio é catalogado como egoísmo, abre-se caminho para um afastamento da nossa essência, de quem realmente somos, do que precisamos para estar bem. Cuidar do outro a partir da carência ou da suficiência é completamente diferente: eu cuido do outro para que me validem como uma boa pessoa, para que seja aceite e amada, abdicando de ser quem realmente sou para viver um papel que desempenho, de modo a corresponder às expectativas, ou; cuido do outro, a partir da minha essência, respeitando quem sou, o que posso e quero dar, nutrindo as minhas necessidades e vendo-me como uma pessoa igual e tão importante como a que cuido, relacionando-me com autenticidade e autoconhecimento. E assim, desenvolvo verdadeira empatia pelas fragilidades do outro, num ato verdadeiramente generoso e oblativo. Desafio quem lê a fazer este exercício de autorreflexão: Cuidas tão bem de ti como aconselhas os outros a cuidarem-se? Preocupas-te tanto com o teu bem-estar, como com o bem-estar dos outros? Fazes o que dizes? Praticas o que aconselhas? És coerente? O exemplo é a maior influência. A forma como fazemos as coisas é tão importante como as coisas que fazemos. Qual a tua energia ao cuidar dos outros? É com alegria, gratidão, satisfação? Ou é com peso, cansaço, obrigação, ressentimento? E talvez, para além de sentires tudo isto, ainda te forças a ter um sorriso na cara, mais uma vez a negligenciares as tuas necessidades, e a convenceres-te de que está tudo bem e a culpares-te pela forma como te sentes, certo? Para terminar, deixo algumas necessidades a suprir nos cuidadores: Gestão emocional associada ao processo de cuidar; Gestão de expectativas; Gestão de relações familiares, sociais e laborais; Gozo de períodos de lazer e de descanso; Aumento do suporte familiar. Segundo a Lei da Reciprocidade, é dando que se recebe! Mas para dares, também tens de ter. Ninguém dá o que não tem. Não podes querer regar jardins a colher gotas. (7margens)
Viver a fé com coerência, fazendo da vida um culto agradável a Deus

Viver a fé com coerência, concretizando com sentimentos, palavras e obras o que faço na igreja e digo na oração. Em síntese foi o que disse o Papa Francisco ao comentar – antes de rezar o Angelus – o Evangelho de Marcos (cf. Mc 7,1-8.14-15.21-23) proposto para este XXII Domingo do Tempo Comum. E a inspirar sua reflexão, foi um tema que era muito caro aos seus contemporâneos, ou seja, “o puro e o impuro”, tema que “estava principalmente ligado à observância de ritos e regras de comportamento” e se devia prestar atenção para evitar qualquer contato com coisas ou pessoas consideradas impuras: Alguns escribas e fariseus, obcecados, rigorosos observadores destas normas, acusam Jesus de permitir aos seus discípulos comerem sem lavar as mãos. E Jesus aproveita essa repreensão dos fariseus aos seus discípulos para falar-nos do significado da “pureza”. A pureza – diz Jesus – não está ligada a ritos externos, mas antes de tudo está ligada a disposições internas, disposições interiores. Ou seja, para ser puros, “não há necessidade de lavar as mãos diversas vezes, se depois são alimentados dentro do coração sentimentos malvados como ganância, inveja e orgulho, ou más intenções como engano, roubos, traição e calúnia”: Jesus chama a atenção para nos guardarmos do ritualismo, que não faz crescer no bem, pelo contrário, às vezes esse ritualismo pode levar a negligenciar, ou até mesmo a justificar, em si e nos outros, escolhas e comportamentos contrários à caridade, que ferem a alma e fecham o coração. O Papa traz essa realidade para nossos dias, destacando alguns aspectos que podem dizer respeito também a nós: Não se pode, por exemplo, sair da Santa Missa e, já no adro da igreja, parar para fazer comentários malévolos e desprovidos de misericórdia sobre tudo e todos. Aquele falatório que arruína o coração, que arruína a alma. E não pode isso! Vais à Missa e depois, na entrada, faz essas coisas, é uma coisa feia. Ou mostrar-se piedosos na oração, mas depois em casa tratar com frieza e distância os próprios familiares, ou negligenciar os pais idosos, que precisam de ajuda e companhia. Esta é uma vida dupla e não pode ser. E isto é o que faziam os fariseus. A pureza externa, sem as atitudes boas, atitudes misericordiosas com os outros. Ou não se pode ser aparentemente muito corretos com todos, e quem sabe mesmo fazendo um pouco de voluntariado e algum gesto filantrópico, mas depois por dentro cultivando o ódio pelos outros, desprezando os pobres e os últimos ou comportando-se desonestamente no próprio trabalho. Ao fazermos isso – observa Francisco – “a relação com Deus fica reduzida a gestos externos, e internamente permanecemos impermeáveis à ação purificadora da sua graça, entregando-nos a pensamentos, mensagens e comportamentos desprovidos de amor. Nós fomos feitos para outra coisa, fomos feitos para a pureza de vida, para a ternura, para o amor”. E sugere que nos perguntemos: Vivo a minha fé de forma coerente, isto é, aquilo que faço na Igreja, busco com o mesmo espírito fazer fora? Com os sentimentos, com as palavras e com as obras, concretizo na proximidade e no respeito aos meus irmãos o que digo na oração? Pensemos nisso! Que Maria, Mãe puríssima – disse ao concluir – nos ajude a fazer da nossa vida, no amor sentido e praticado, um culto agradável a Deus (cf. Rm 12, 1).
Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação

Para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que hoje (1/9) se celebra, o Papa Francisco propõe que se repense a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites, pois um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos. Na sua mensagem para este dia, que tem como tema “Espera e age com a criação”, o Papa chama a atenção, mais uma vez, para os comportamentos que contribuem para a destruição da nossa casa comum. É urgente que o homem altere profundamente a sua forma de conviver com a natureza, tendo um conjunto de práticas que visem uma preservação da Terra, principalmente aquelas que dizem respeito ao meio ambiente, garantindo assim uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e as futuras. Diz o Papa na sua mensagem: “De “predador”, portanto, o homem deve ser “cultivador” do jardim. Já a tradição judaico-cristã recorda que terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu bel-prazer, é uma forma de idolatria.