O que é a tristeza? E a dor?

Quando algo me faz falta, quando experimento um vazio porque não tenho comigo algo ou alguém que são meus… sinto tristeza. A vida é feita de perdas e as perdas são sempre tristes. A dor é um sinal de que há algo que está a tocar em algum dos nossos limites, fazendo-nos sentir a verdade da nossa fragilidade. A dor alerta-nos para que nos defendamos desse ataque… procura ser um alarme para que lutemos contra o que nos ataca. Mas há ainda mais dor quando não aceitamos os nossos limites. Quando não nos reconhecemos frágeis, revoltam-nos as nossas incapacidades. Dói-nos a nossa natureza humana. Importa aceitar a finitude da nossa vida e das nossas forças. Os limites do que somos e daquilo que são os outros e o mundo. O sofrimento engrandece-nos, porque o coração se faz maior como forma de o conter e superar. Se eu me entrego por amor a outra pessoa, isso não envolve nenhuma garantia de que serei aceite, de que me quer… muito menos de que me ame também. Muito pelo contrário, o amor depende da vontade e a vontade é livre. Assim, a dor que tantas vezes sentimos é afinal apenas a constatação de que somos todos livres… e de que cada um de nós determina o que quer dar e o que quer receber… Esta condição incerta eleva ainda mais os que decidem entregar a sua vida pela felicidade de outro, apesar de tudo. E é aqui, neste vazio que fica depois de me entregar, que me apercebo não da minha fraqueza, mas de onde vêm as minhas forças. Parecem brotar do nada. Há uma fonte de alegria em mim… que me alivia as tristezas e me ajuda a aceitar-me tal como sou. Sei que quanto mais decidir amar, mais terei de sofrer. Mas também sei que se não arriscar entregar a minha vida, nunca chegarei a ser quem sou. (© iMissio)

Sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre “O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança”, passando da leitura da Criação à do Novo Testamento. “O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando sua reflexão à Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido. Maria concebeu pela ação do Espírito Santo Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”, e completou: “É, portanto, um fato ecumênico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.” Maria, esposa do Espírito Santo  Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, “que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja”. A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho “envolvida pelo Espírito Santo” e a Igreja: “A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.” Anunciar Cristo e a sua salvação  O Papa sublinha que, assim como a Virgem primeiro acolheu em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja primeiro deve acolher a Palavra de Deus “para depois dá-la à luz com a vida e a pregação”. Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade “como é possível isso?”, recebendo a resposta “o Espírito Santo descerá sobre ti”, assim “também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta”: “Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar.” “Para Deus nada é impossível” “E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes se pergunta “como posso enfrentar esta situação?”. Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui: “Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: “Nada é impossível para Deus”. E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

Viver a Palavra

Evangelho de Evangelho de Mateus 15,21-28 Uma mulher cananeia pediu socorro a Jesus pela cura de sua filha. O Mestre, no início, parece não ter dado atenção a ela explicando que foi enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel. Mas ela insistiu e no final, até recebeu de Jesus um grande elogio: Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres! Como viver esse Evangelho no dia de hoje? É maravilhoso observar o que as mães fazem por seus filhos. Ali a vida é doada, existe gratuidade e se for preciso encarar o embaraço, o sofrimento, assim se faz, sem reclamar. E quando a mãe consegue, além do amor, transmitir a fé para seus filhos, ela se torna maior ainda! Palavras do Santo Padre «Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como desejas» (v. 28). O que é a grande fé? A grande fé é aquela que leva a própria história, marcada também por feridas, aos pés do Senhor, pedindo-Lhe que a cure, que lhe dê sentido. Cada um de nós tem a sua história e nem sempre é uma história limpa; muitas vezes é uma história difícil, com tanta dor, tantos problemas e pecados. O que faço eu com a minha história? Escondo-a? Não! Devemos levá-la perante o Senhor: “Senhor, se quiseres, podes curar-me!”. É isto que esta mulher nos ensina, esta boa mãe: a coragem de levar a sua história de dor perante Deus, perante Jesus; tocar a ternura de Deus, a ternura de Jesus. Façamos a prova desta história, desta oração: cada um pense na sua história. Há sempre coisas negativas numa história, sempre. Vamos até Jesus, batamos ao coração de Jesus e digamos-lhe: “Senhor, se quiseres podes curar-me! E podemos fazê-lo se tivermos sempre diante de nós o rosto de Jesus, se compreendermos como é o coração de Cristo: um coração que tem compaixão, que carrega sobre si as nossas dores, os nossos pecados, os nossos erros, os nossos fracassos. Mas é um coração que nos ama como somos sem maquilhagem. “Senhor, se quiseres, podes curar-me!”. (Angelus de 16 de agosto de 2020)

JMJ Lisboa/1º aniversário: Balanços, relatórios e as razões do Papa para considerar uma «jornada belíssima»

Coordenador-geral refere-se à «cidade dos sonhos»,  aos lucros, à impossibilidade de «medir o impacto efetivo» de cada participante e agradece aos voluntários. O coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 afirmou que o maior legado da jornada está “no coração” de cada participante, afirma que o lucro de 36 milhões foi “absolutamente” inesperado e é «belíssima» porque concretiza um “sonho de Deus”. No voo de regresso a Itália, após ter participado na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entre os dias 1 e 6 de agosto, o Papa referiu-se à jornada em Lisboa como “belíssima”. “Para mim, a Jornada foi belíssima”, afirmou Francisco, depois de referir também que a JMJ de Lisboa foi “a mais numerosa”, a “mais dura” e a “a mais bem organizada”. “A perceção pública, de participantes e não participantes, da jornada de Lisboa é essa”, afirmou D. Américo Aguiar, acrescentando que, “tudo somado, tudo misturado e tudo vivido, foi uma experiência bela”. “A Jornada Mundial da Juventude é um sonho de Deus! É um sonho de Deus que se replica de tempo a tempo por convite e intuição do Papa. E por muito capazes que sejamos, por muito incompetentes que sejamos, quer tenhamos muitos meios ou poucos meios, a jornada acontece. Independentemente de tudo isso”. D. Américo Aguiar referiu-se também às palavras do Papa Francisco durante o ângelus, no dia 6 de agosto de 2023, que falou de Lisboa como a “cidade dos sonhos”, considerando que “há momentos da história em que é”, apesar do Velho do Restelo “continuar na praia”. “Não podemos deixar de ter consciência disso mesmo. O Velho do Restelo continua na praia: custa-lhe o arranque para as descobertas e custa-lhe tudo o que seja fazer diferente e ousado e que não tenha certezas de concretização e de retorno. Mas a vida é assim mesmo”, sustentou. O coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 disse que “o balanço mais difícil” a fazer não se reduz a números, mas tem de ser feito a partir da transformação que pode ou não ter acontecido, em cada participante. “Nós podemos pedir a pastoralistas ou comentadores para fazerem avaliações, podemos fazer contas económico-financeiras, logísticas, número de cabos, toneladas de alimentos, podemos fazer isso tudo. Agora não há maneira de medir o impacto efetivo da jornada e da vivência da jornada e da preparação da jornada no coração de cada uma das pessoas que a viveu”. O coordenador-geral da JMJ referiu-se a histórias que passam na comunicação social nestes dias, como uma jovem que decidiu iniciar o noviciado nas Servas de Nossa Senhora de Fátima ou as famílias de acolhimento, em Lamego, lembrando que a jornada foi a ocasião para “muitíssima gente tomar decisões radicais na sua vida”. “Mesmo da paz familiar, mesmo de tantas outras questões em que às vezes é preciso um empurrãozinho, às vezes é preciso um estimulante para que isso possa acontecer. E a jornada serve para isso”, acrescentou. D. Américo Aguiar diz que o lucro de 36 milhões de euros foi “absolutamente” uma surpresa, lembrando que manifestou, no tempo de preparação e pensando num “resultado positivo pequeno”, que o possível retorno fosse gasto em “projetos ligados à juventude”, nomeadamente em Lisboa e Loures, “os dois municípios que mais esforço fizeram para que a jornada pudesse acontecer”. “Das conversas que tive, quer com o senhor patriarca de Lisboa, quer com o D. Alexandre Palma, atual bispo auxiliar de Lisboa e novo Presidente da Fundação JMJ Lisboa de 2083, o registo é esse e penso que continuará a ser esse”, afirmou D. Américo Aguiar, acrescentando que não possui “dados suficientes” para avaliar a estratégia de aplicar os rendimentos dos proveitos, como foi anunciado. Na entrevista, que encerra uma série de sete conversas sobre cada um dos dias da JMJ Lisboa 2023, começando, na primeira, pelo envolvimento de todas as dioceses na preparação da jornada e nos Dias nas Dioceses, D. Américo Aguiar refere-se também à presença do DJ padre Guilherme como “uma coisa boa”, refere-se aos convidados, nomeadamente para a Missa final, como ocasião de agradecimento a pessoas e instituições que ajudaram na preparação da jornada, apontou para a Ásia, nomeadamente para Seul que acolhe a jornada em 2027, como o novo “foco do Cristianismo, e agradeceu aos voluntários. “A jornada só pode acontecer se existirem umas formiguinhas trabalhadoras que não ver o Papa, não vão assistir a nada, porque o trabalho deles é proporcionar que os outros vivam e usufruam”, afirmou. A entrevista ao coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 está a ser realizada quando se assinala um ano da jornada em Portugal, foi  divulgada ao longo dos último sete dias na Agência Ecclesia e vai ser publicada integralmente numa obra da Paulus Editora. (Agência Ecclesia)

Viver a Palavra

Evangelho de Mateus 14,13-21. Diante de uma multidão faminta Jesus diz aos discípulos: dai-lhes de comer. E com a partilha de cinco pães e dois peixes dos discípulos, ele mostra que os alimentos que dispomos são suficientes, de modo que todos comeram e ficaram satisfeitos. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? A Igreja Católica do Paraná fez no ano passado uma campanha com os Ministros Extraordinários da Comunhão em prol de 25 mil Bíblias para a Guiné-Bissau. As Bíblias foram enviadas, já chegaram lá e do arrecadado ainda sobrou bastante dinheiro que está sendo investido para diminuir a fome das crianças naquele país. É a nossa partilha que doa pão a quem tem forme. Palavras do Santo Padre Jesus viu a multidão, encheu-se de compaixão por ela e multiplicou os pães; e assim faz a mesma coisa com a Eucaristia. Quanto a nós, crentes, que recebemos este pão eucarístico somos levados por Jesus a oferecer este serviço ao próximo, com a sua própria compaixão. Este é o percurso. A narração da multiplicação dos pães e dos peixes conclui-se com a constatação de que todos ficaram saciados e com a recolha dos pedaços que sobejaram (cf. v. 20). Quando Jesus, com a sua compaixão e o seu amor nos concede uma graça, perdoa os pecados, abraça-nos e ama-nos, não faz as coisas pela metade, mas completamente. Como aconteceu aqui: todos ficaram saciados. Jesus enche o nosso coração e a nossa vida com o seu amor, o seu perdão, a sua compaixão. Portanto, Jesus permitiu que os seus discípulos cumprissem a sua ordem. Deste modo, eles descobrem o caminho que devem percorrer: dar de comer ao povo e mantê-lo unido; ou seja, permanecer ao serviço da vida e da comunhão. (Audiência Geral de 17 de agosto de 2016)