No XVIII Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus que, em certo sentido, é uma continuidade do tema do passado Domingo, evidencia a vontade manifestada por Deus em alimentar todos, não apenas com o alimento físico, mas também com o alimento que será o caminho para uma vida plena e em abundância. Esse alimento é dado por Deus em Jesus Cristo, aquele que é o pão da vida e que está connosco para nos alimentar e fortalecer na nossa caminhada.
I LEITURA (Ex 16,2-4.12-15),
A primeira Leitura, retirada do Livro do Êxodo, fala-nos da presença de Deus na caminhada do povo pelo deserto em direcção à terra prometida, depois de ter sido libertado da escravidão do Egipto. Nesse caminho de libertação o povo enfrenta algumas dificuldades, designadamente a falta de alimentos, o que o leva a murmurar contra Deus e, numa atitude de desespero, chega mesmo a desejar voltar à vida de escravidão no Egipto, onde não havia escassez de comida. Apesar de ter visto as maravilhas que o Senhor operou para os libertar da escravidão, o povo não aprendeu a acreditar em Deus e a segui-Lo com confiança. Mas o Senhor, mais uma vez, revela a sua bondade, solicitude e preocupação com o seu povo, concedendo-lhe o alimento necessário para que continue o seu caminho.
Face às dificuldades que encontramos no caminho também nós, muitas vezes, sentimo-nos desesperados e perdemos a confiança em Deus. Nesses momentos, desejamos apenas uma intervenção de Deus no sentido de que resolva as nossas dificuldades e esquecemos tantos sinais de amor e bondade que permanentemente Ele nos oferece, através dos quais nos é dado o alimento indispensável para eliminar a escravidão do pecado, que está na génese da maioria das nossas dificuldades, e nos colocarmos no caminho de libertação, de construção da verdadeira felicidade.
II LEITURA (Ef 4,17.20-24)
Na segunda Leitura, o apóstolo S. Paulo continua a transmissão de orientações práticas aos cristãos de Éfeso, as quais constituem um programa de vida cristã a ser seguido por todos os que se comprometeram a seguir Jesus. Paulo diz que aqueles que aderem a Jesus Cristo, o verdadeiro Pão da Vida, devem-se transformar interiormente, abandonando o “homem velho”, caracterizado por atitudes de egoísmo e por ter o coração fechado a Deus e aos irmãos, e fazendo nascer o “homem novo”, criado à imagem de Deus na justiça e santidade, em que a partilha e a abertura a Deus e aos outros sejam sinal de uma efectiva conversão à vida nova proposta por Jesus Cristo.
Todos os que fomos baptizados tornámo-nos Filhos de Deus e novas criaturas, pelo que, como diz Paulo, devemos “abandonar a vida de outrora” e viver em consonância com a nossa adesão a Cristo.
EVANGELHO (Jo 6,24-35),
No Evangelho, a multidão continua a procurar Jesus Cristo, mas simplesmente para buscar o alimento que sacie a fome física e não porque esteja entusiasmada pela sua pregação. Jesus, percebendo bem as motivações da multidão, interpela-a: «Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará».
Jesus diz claramente que a verdadeira motivação de ir ao seu encontro não deve ser a procura de milagres, de soluções fáceis para os problemas, mas sim a procura daquele alimento que dura até à vida eterna e que é Ele mesmo: “Eu sou o pão da vida: quem vem a mim nunca mais terá fome, quem acredita em mim nunca mais terá sede”.
De facto, Jesus é o verdadeiro alimento que sacia a fome de vida e de felicidade do homem. A sua mensagem é o caminho pelo qual o homem pode alcançar a verdadeira felicidade, a vida eterna. Torna-se, por isso, necessário acreditar e confiar em Jesus, pois só assim é que conseguiremos aceder a esse “pão” que é capaz de alimentar a caminhada em direcção a uma vida plena e abundante. Só acreditando em Jesus é que se realizará o que Ele próprio nos veio trazer: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.