VIII Dia Mundial dos Pobres

No próximo Domingo, a Igreja celebra o VIII Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem para este dia, cujo lema é “A oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Eclo 21, 6), o Papa Francisco refere o facto de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. Aos pobres de todos os tempos e latitudes o Papa deixa uma palavra de esperança: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. O Papa termina a sua mensagem lembrando a todas as comunidades que “Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com os últimos”.

Quem és tu quando ninguém está a ver?

Muitos de nós passamos grande parte da nossa vida a conduzir. Ora a ir, ora no regresso. Ora em viagens de lazer, ora em viagens mais no âmbito profissional. E a verdade é que, no trânsito, parecemos (muitas vezes) pessoas diferentes. É como se o pior de nós viesse ao de cima e nos assaltasse de uma forma grotesca e descontrolada. Tenho dificuldade em compreender que espécie de fenómeno nos destaca tão afincadamente da vida aparentemente calma que levamos para nos atirar para um modo de sobrevivência tão intrincado. Tenho assistido, tal como tantos de nós, a uma panóplia de violência gratuita, falta de respeito, insultos, manobras perigosas propositadamente operadas para enervar este ou aquele condutor. E apercebo-me de que ninguém está a salvo. É como se, também dentro de um carro, tivéssemos de nos proteger de um perigo sempre iminente onde não há zonas de segurança, cordialidade, empatia e respeito pelas regras e pela conduta exigida a qualquer condutor. A vida é curta. Num instante perdemos tudo e somos obrigados a restruturar quem somos e o que temos. Compensará viver o dia-a-dia neste registo de violência absurdo? Onde nos leva? A um lugar leva-nos de certeza: a compreender que a maioria de nós não está a saber lidar com a raiva que traz dentro de si, com a tristeza, com a frustração, com o desânimo e com os desafios intermináveis que todos enfrentamos diariamente. Aquilo que, talvez, nem todos saibam é que é possível viver uma vida fora do piloto-automático. É possível gerir o que trazemos dentro sem andar a disparar rudeza em todas as direções. E essa gestão, quando aprendida, pode trazer-nos a leveza e a racionalidade que nem sempre temos quando estamos, simplesmente, a sobreviver. Não desistas de procurar uma forma de dar nome ao que mora dentro de ti. De integrar o que não gostas. O que não compreendes e o que gostavas que fosse diferente. Quando assim for, ficaremos todos a ganhar. (© iMissio)

Maria é instrumento do Espírito Santo na sua ação santificadora

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo na Audiência Geral, desta quarta-feira (13/11), realizada na Praça São Pedro. “Entre os vários meios pelos quais o Espírito Santo realiza a sua obra de santificação na Igreja – Palavra de Deus, Sacramentos, oração – há um muito especial: a piedade mariana“, disse o Papa no início de sua catequese. Segundo Francisco, “na tradição católica há sempre este lema, esta expressão: “Ad Iesum per Mariam”. Nossa Senhora nos faz ver Jesus. Ela nos abre as portas, sempre! Nossa Senhora é a mãe que nos conduz pela mão em direção a Jesus. Maria nunca aponta para si mesma: Nossa Senhora aponta para Jesus. Esta é a piedade mariana: a Jesus pelas mãos de Nossa Senhora”. “São Paulo define a comunidade cristã como “uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações”. Maria, como primeira discípula e figura da Igreja, é também uma carta escrita com o Espírito de Deus vivo”, disse ainda Francisco. Ao dizer o seu “sim” ao anúncio do anjo é como se Maria dissesse a Deus: “Eis-me aqui, sou uma tábua de escrever: que o Escritor escreva o que quiser, faça de mim o que quiser o Senhor de todas as coisas”. Eis, portanto, como a Mãe de Deus é instrumento do Espírito Santo na sua ação santificadora. No meio da profusão interminável de palavras ditas e escritas sobre Deus, sobre a Igreja e sobre a santidade, ela sugere apenas duas palavras que todos, mesmo os mais simples, podem pronunciar em qualquer ocasião: “Eis-me aqui” e “fiat”. Maria é aquela que disse “sim” a Deus e, com o seu exemplo e a sua intercessão, incita-nos a dizer-Lhe também o nosso “sim”, cada vez que nos vemos confrontados com uma obediência a cumprir ou uma prova a vencer. De acordo com o Papa, “em todos os momentos da sua história, mas particularmente neste momento, a Igreja encontra-se na situação em que se encontrava a comunidade cristã após a Ascensão de Jesus ao céu. Ela deve anunciar o Evangelho a todos os povos, mas está à espera do “poder do alto” para o poder fazer. E não esqueçamos que, naquele momento, como lemos nos Atos dos Apóstolos, os discípulos estavam reunidos ao redor de “Maria, mãe de Jesus”. É verdade que havia outras mulheres com ela no cenáculo, mas a sua presença é diferente e única entre todas. Entre ela e o Espírito Santo existe um vínculo único e eternamente indestrutível que é a própria pessoa de Cristo, “encarnado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria”, como rezamos no Credo. O evangelista Lucas sublinha deliberadamente a correspondência entre a vinda do Espírito Santo sobre Maria na Anunciação e a sua vinda sobre os discípulos no Pentecostes, usando algumas expressões idênticas em ambos os casos. O Papa recordou que São Francisco de Assis, “numa das suas orações, saúda a Virgem como “filha e serva do Rei Altíssimo, o Pai Celeste, mãe do Santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo”. Filha do Pai, Mãe do Filho, Esposa do Espírito Santo! Nenhuma palavra mais simples poderia ilustrar a relação única de Maria com a Trindade”. “Como todas as imagens, esta da “esposa do Espírito Santo” não deve ser absolutizada, mas tomada pela quantidade de verdade que contém, e é uma verdade muito bela. Ela é a esposa, mas é, antes disso, a discípula do Espírito Santo”, disse ainda Francisco. “Aprendamos com ela a ser dóceis às inspirações do Espírito, especialmente quando Ele nos sugere que “nos levantemos depressa” e vamos ajudar alguém em necessidade, como ela fez logo depois que o anjo a deixou”, concluiu.

Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 17,7-10 Jesus orienta seus discípulos a não se vangloriar de suas obras e mesmo depois de ter feito todo o bem possível sentirem-se servos inúteis, pois fizeram o que deviam fazer. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? A Palavra de Deus de hoje nos ensina com clareza que não podemos ser arrogantes, pessoas que vivem incensando a si mesmas, colocando-se acima dos outros, vangloriando-se, contando vantagens com fundo egoístico. Ao invés disso, a identidade mais profunda do discípulo de Jesus é ser servidor. E fazer isso com disponibilidade, alegria e não só quando somos praticamente obrigados a servir! Palavras do Santo Padre «Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar» (Mc 9, 42). Com estas palavras, dirigidas aos discípulos, Jesus alerta para o perigo de escandalizar, ou seja, de obstruir o caminho e ferir a vida dos “pequeninos”. É uma advertência forte, severa, sobre a qual devemos parar para refletir. […] Se quisermos semear com vista ao futuro, também a nível social e económico, far-nos-á bem voltar a colocar o Evangelho da misericórdia na base das nossas escolhas. Jesus é a misericórdia e todos nós somos objeto desta misericórdia. Caso contrário, por mais imponentes que pareçam, os monumentos da nossa opulência serão sempre gigantes com pés de barro (cf. Dn 2, 31-45). Não tenhamos ilusões: sem amor não há nada que dure, tudo se desvanece, desmorona e nos deixa prisioneiros de uma vida fugaz, vazia e sem sentido, de um mundo inconsistente que, para além das fachadas, perdeu toda a credibilidade, porque escandalizou os mais pequenos. (Homilia na Missa de beatificação no Estádio Rei Balduíno em Bruxelas, 29 de setembro de 2024)

Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 17,1-6 Jesus disse: ai daquele que produz escândalos! Seria melhor que lhe amarrassem uma pedra no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos! Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Com o passar do tempo nos tornamos muito parecidos com as pessoas com as quais mais nos relacionamos. É de onde vem o ditado: diga-me com quem anda e dir-lhe-ei quem você é. Por isso, veja bem quem são seus amigos e quem são os que lhe aconselham em suas decisões. Se os seus amigos deram escândalo, abandonaram a família, deram calote em alguém e você convive com eles, cuidado para não ser influenciado e cometer os mesmos erros. Palavras do Santo Padre “Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar” (Mc 9, 42). Com estas palavras, dirigidas aos discípulos, Jesus alerta para o perigo de escandalizar, ou seja, de obstruir o caminho e ferir a vida dos “pequeninos”. É uma advertência forte, severa, sobre a qual devemos parar para refletir. […] Se quisermos semear com vista ao futuro, também a nível social e económico, far-nos-á bem voltar a colocar o Evangelho da misericórdia na base das nossas escolhas. Jesus é a misericórdia e todos nós somos objeto desta misericórdia. Caso contrário, por mais imponentes que pareçam, os monumentos da nossa opulência serão sempre gigantes com pés de barro (cf. Dn 2, 31-45). Não tenhamos ilusões: sem amor não há nada que dure, tudo se desvanece, desmorona e nos deixa prisioneiros de uma vida fugaz, vazia e sem sentido, de um mundo inconsistente que, para além das fachadas, perdeu toda a credibilidade, porque escandalizou os mais pequenos. (Homilia na Missa de beatificação no Estádio Rei Balduíno em Bruxelas, 29 de setembro de 2024)