Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 5,33-39 Jesus explica aos fariseus e mestres da lei que ele é o noivo esperado. Por isso seus discípulos não jejuam, pois estão em sua companhia. Disse ainda: ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Jesus é a eterna novidade de Deus! A sua palavra é Boa Nova, sempre. As novidades do mundo até podem nos assustar, mas o Evangelho é mais novidade do que as últimas do mapeamento do genoma humano e da Inteligência Artificial. O Evangelho será sempre a resposta nova de Deus a todas as novidades do mundo. O Evangelho é sempre novo, pois o Espírito Santo que o atualiza faz novas todas as coisas. Palavras do Santo Padre O cristão é fundamentalmente alegre. E é por isso que, no final do Evangelho, quando trazem o vinho, quando se fala do vinho, me faz pensar nas bodas de Caná: e é por isso que Jesus fez aquele milagre; é por isso que Nossa Senhora, quando percebeu que não havia mais vinho, sabia que se não há vinho não há festa… Imaginemos terminar aquelas núpcias tomando chá ou suco: não dá… é festa e Nossa Senhora pede o milagre. E assim é a vida cristã. A vida cristã tem essa atitude alegre, alegre de coração […] A segunda atitude cristã: reconhecer Jesus como o todo, o centro, a totalidade. Mas sempre teremos a tentação de ignorar essa novidade do Evangelho, esse vinho novo em atitudes antigas… É o pecado, somos todos pecadores. Devemos reconhecê-lo: “Isto é pecado”. Não dizer isso combina com aquilo. Não! Os odres velhos não podem carregar o vinho novo. Essa é a novidade do Evangelho. Jesus é o esposo, o esposo que se casa com a Igreja, o esposo que ama a Igreja, que dá a vida pela Igreja. E Jesus faz essa festa de núpcias! Jesus nos pede a alegria da festa, a alegria de sermos cristãos. E Ele também nos pede integridade: é tudo Ele. E se tivermos algo que não seja d’Ele, arrependamo-nos, peçamos perdão e sigamos em frente. Que o Senhor nos dê, a todos nós, a graça de termos sempre essa alegria, como se estivéssemos indo a um matrimônio. E também para termos sempre essa fidelidade de que o único esposo é o Senhor. (Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 6 de setembro de 2013)
Lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo

O Papa Francisco celebrou a primeira missa pública de sua 45ª Viagem Apostólica Internacional, no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, na Indonésia, nesta quinta-feira (05/09). Francisco iniciou sua homilia, citando duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra. Escutar a Palavra. O evangelista Lucas conta que muitas pessoas acorriam a Jesus e que a multidão se comprimia à volta dele «para escutar a palavra de Deus». Procuravam-no, tinham fome e sede da Palavra do Senhor, que ouviam ressoar nas palavras de Jesus. Palavra de Deus, única bússola para o nosso caminho Por isso, este episódio, que se repete tantas vezes no Evangelho, nos diz que o coração do homem está sempre à procura de uma verdade que possa aplacar e alimentar o seu desejo de felicidade; que não podemos contentar-nos apenas com as palavras humanas, os critérios deste mundo e os juízos terrenos. “Precisamos sempre de uma luz do alto para iluminar os nossos passos, de uma água viva que possa irrigar os desertos da alma, de uma consolação que não desiluda porque provém do céu e não das coisas passageiras deste mundo.” “Perante o entontecimento e a vaidade das palavras humanas, faz falta a Palavra de Deus, a única que é bússola para o nosso caminho e é capaz de, no meio de tantas feridas e perplexidades, nos reconduzir ao verdadeiro sentido da vida“, disse ainda o Papa. Segundo Francisco, “a primeira tarefa do discípulo não é vestir o hábito de uma religiosidade exteriormente perfeita, fazer coisas extraordinárias ou envolver-se em projetos grandiosos. Pelo contrário, o primeiro passo consiste em saber escutar a única Palavra que salva, que é a de Jesus, como podemos ver no episódio evangélico, o Mestre sobe para a barca de Pedro a fim de se afastar um pouco da margem e, assim, pregar melhor ao povo. A nossa vida de fé começa quando, acolhendo humildemente Jesus na barca da nossa vida, lhe damos espaço, escutamos a sua Palavra e, por ela, nos deixamos interpelar, estremecer e transformar”. Ousar uma vida nova Ao mesmo tempo, a Palavra do Senhor pede para ser encarnada concretamente em nós: somos chamados a viver a Palavra. Quando terminou de pregar às multidões a partir da barca, Jesus dirige-se a Pedro, exortando-o a arriscar e a apostar nesta Palavra: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca». A Palavra do Senhor não pode permanecer uma linda ideia abstrata ou suscitar apenas a emoção de um momento; ela exige-nos que mudemos o olhar, que deixemos o coração transformar-se à imagem do coração de Cristo; ela nos chama a lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo, “correndo o risco” de viver o amor que Ele nos ensinou e viveu em primeiro lugar. “Também a nós o Senhor, com a força ardente da sua Palavra, nos pede para avançar para águas mais profundas, para sairmos das margens estagnadas dos maus hábitos, dos medos e da mediocridade, para ousarmos uma vida nova.” Ter a mesma humildade e fé de Pedro De acordo com Francisco, “existem sempre obstáculos e desculpas no sentido de dizermos “não”; mas olhemos de novo para a atitude de Pedro: tinha vindo de uma noite difícil, em que não tinha pescado nada, estava cansado e desiludido, e no entanto, em vez de ficar paralisado naquele vazio e bloqueado pelo seu próprio fracasso, diz: «Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada pescamos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes». Porque Tu o dizes, lançarei as redes. E então se realiza o inaudito: o milagre de uma barca que se enche de peixes a ponto de quase afundar”. Irmãos e irmãs, perante as muitas tarefas da nossa vida quotidiana; perante o apelo, que todos sentimos, de construir uma sociedade mais justa, de avançar no caminho da paz e do diálogo – que aqui na Indonésia já foi traçado há muito tempo –, podemos por vezes julgar-nos inadequados, sentir o peso de tanto esforço que nem sempre dá os frutos esperados, ou o peso dos nossos erros que parecem impedir o caminho. “Mas, com a mesma humildade e fé de Pedro, também nos é pedido para não ficarmos prisioneiros dos nossos fracassos e, em vez de permanecermos com os olhos fixos nas nossas redes vazias, olharmos para Jesus e confiarmos nele.” Podemos sempre arriscar, avançando-nos ao mar e lançando de novo as redes, mesmo depois de termos atravessado a noite do fracasso, o tempo da desilusão, em que não pescamos nada. Percorrer com confiança o caminho do diálogo O Papa citou as palavras de Santa Teresa de Calcutá, cuja memória celebramos hoje, que se dedicou incansavelmente aos mais pobres e se tornou uma promotora da paz e do diálogo: “Quando nada tivermos para dar, demos esse nada. E lembra-te: nunca te canses de semear, mesmo se não vieres a colher nada”. Francisco exortou os indonésios a ousarem sempre o sonho da fraternidade que é “um verdadeiro tesouro” entre eles. “Com a Palavra do Senhor encorajo-vos a semear o amor, a percorrer com confiança o caminho do diálogo, a praticar continuamente a bondade e amabilidade com o sorriso que vos caracteriza, a serem construtores de unidade e de paz. Sede construtores de esperança, daquela esperança do Evangelho que não desilude e abre a uma alegria sem fim”, concluiu.
Ensinamentos de amor e humildade de Madre Teresa de Calcutá

No dia 5 de setembro, a Igreja celebra Santa Teresa de Calcutá, que foi uma mulher exemplar que ajudou sem limites os mais necessitados, mas também quem precisava dos seus conselhos ou da sua oração. Agnes Gonxha Bojaxhiu , mais conhecida como Teresa de Calcutá, nasceu em 26 de agosto de 1910 e graças à educação religiosa recebida de sua mãe começou a se interessar pelo trabalho missionário. Aos 18 anos ingressou no Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria e em 1946 sentiu o chamado a ajudar “os mais pobres entre os pobres”, razão pela qual fundou as Missionárias da Caridade. Ela continuou a liderar a congregação até pouco antes de sua morte, em 5 de setembro de 1997. Por mais de 40 anos ela dedicou sua vida a servir e ajudar os doentes e os pobres; em 19 de outubro de 2003, foi proclamada beata. Foi canonizada em 04 de setembro de 2016, pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro. Essa grande mulher nos deixou um legado, onde ficam capturados seus pensamentos cheios de amor, respeito, compreensão e sensibilidade. Seus ensinamentos de amor e humildade chegaram a todos os cantos do mundo, por isso reunimos alguns de seus ensinamentos de amor mais inspiradores. “Sou apenas um pequeno lápis nas mãos da escrita de Deus.” «O ontem já passou, o amanhã ainda não chegou, só nos resta o presente… Vamos começar.» “Nunca esteja tão ocupado a ponto de não pensar nos outros.” Ensina-nos a dar até o fim sem pedir nada em troca, a partir do amor realizado dia após dia. Este amor à fraternidade moveu-a a acolher os mais necessitados, os mais pobres entre os pobres – material e espiritualmente – o que a fez viver em profunda alegria, serenidade e felicidade. “Quem dedica seu tempo para melhorar a si mesmo não tem tempo para criticar os outros.” «O que você pode fazer para promover a paz mundial? Vá para casa e ame sua família.” “Passamos muito tempo ganhando a vida, mas não o suficiente para vivê-la.” Certa vez, Madre Teresa soube de uma família hindu com oito filhos que não tinha nada para comer. Ele pegou um pouco de arroz e levou com ele. Os olhos das crianças brilhavam de fome. A mãe dele pegou o arroz, dividiu e saiu para a rua com metade do que havia recebido. Quando regressou e Madre Teresa lhe perguntou o que tinha feito, ele respondeu simplesmente: “Eles também estão com fome”. “Eles” era uma família muçulmana vizinha. Madre Teresa comentou mais tarde: “Não lhes dei mais arroz naquela noite, porque queria que eles também pudessem desfrutar da alegria de dar”. “Se você está julgando as pessoas, não tem tempo para amá-las.” “Vamos nos encontrar sempre com um sorriso, o sorriso é o começo do amor.” “Muitas vezes uma palavra, um olhar, um gesto bastam para preencher o coração de quem amamos.” ORAÇÃO “Mãe dos pobres, quanta dor ao ver as dificuldades dos nossos irmãos que sofrem com as misérias, dai a nós a mesma disponibilidade e abertura de coração para com essas realidades. Queremos ser instrumentos de cuidado e amor para com todos os nossos irmãos. Amém!”
Viver a Palavra

Evangelho de Lucas 5,1-11 Pedro havia trabalhado a noite toda e não havia pescado nada. Mas em atenção à palavra de Jesus, lançou as redes em horário impróprio para a pesca e o resultado foi surpreendente: apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Como viver esse Evangelho no dia de hoje? Deus pode pedir coisas para nós que parecem estar fora de hora. Mas se confiarmos em sua palavra e agirmos por causa dela, veremos coisas grandes. Aqui as barcas se encheram de peixes; lá sobraram 12 cestos de pães; Ele promete cem vezes mais a quem o segue. Sua medida é sacudida, é generosa, é transbordante. O seu amor é imenso! Você já experimentou em sua vida a transbordante providência de Deus? Palavras do Santo Padre «Trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos» (v. 5), diz Simão. Quantas vezes também nós ficamos com uma sensação de derrota, enquanto o desapontamento e a amargura surgem no coração. Dois carunchos muito perigosos. O que faz então o Senhor? Escolhe precisamente entrar na nossa barca. Dali quer anunciar o Evangelho. Aquela barca vazia, o símbolo da nossa incapacidade, torna-se a “cátedra” de Jesus, o púlpito do qual ele proclama a Palavra. O Senhor gosta de fazer isto – o Senhor é o Senhor das surpresas, dos milagres nas surpresas: entrar na barca da nossa vida quando nada temos para lhe oferecer; entrar nos nossos vazios e enchê-los com a sua presença; servir-se da nossa pobreza para proclamar a sua riqueza, das nossas misérias para proclamar a sua misericórdia. […] Com Jesus, navegamos no mar da vida sem temor, sem ceder à desilusão quando não pescamos nada, e sem ceder ao “não há mais nada a fazer”. Sempre, tanto na vida pessoal como na vida da Igreja e da sociedade, há algo de belo e corajoso que pode ser feito, sempre. Podemos recomeçar sempre, o Senhor convida-nos a pôr-nos sempre em questão porque Ele abre novas possibilidades. (Angelus de 6 de fevereiro de 2022)
Começar de novo ou começar outra vez?

Há sempre em cada um de nós esta vontade (quase inata) de recomeçar. É como se pudéssemos colocar um ponto final fictício em tudo o que não era assim tão bom. Os inícios dão-nos a esperança de que alguma coisa seja diferente do que era. Como se houvesse uma promessa bonita que nos fala ao coração: “Desta vez é que vai ser” “Agora é que eu vou ter coragem” “Desta vez vai ser melhor” O problema dos recomeços, sejam eles em setembro ou quando estreamos o novo ano em janeiro, é que têm um elemento comum que nem sempre está disposto a mudar e a fazer diferente: nós. Assim, é-nos mais fácil colocar a intenção naquilo que é exterior a nós, naquilo que não controlamos, naquilo que não prevemos e nas expectativas mais ou menos irrealistas do que na nossa própria responsabilidade e no protagonismo que somos chamados a ter perante a nossa vida. Claro que é tentador colar os braços a esta novidade que se acende quando algo recomeça ou reinicia. O pior é que, se nos retiramos da equação principal, o resultado não vai corresponder ao que desejaríamos. Por isso, e ao contrário do que costuma ser habitual lermos, o verdadeiro desafio não é recomeçar. É recomeçarmo-nos. É termos a capacidade de olhar para o que somos e perceber o que nos diz o novo e o velho. Para as páginas que compõem a nossa história e que nem sempre conseguimos ter a disponibilidade emocional para ver. Mais ainda, somos chamados a perceber que a novidade está naquilo que conseguimos encontrar de diferente e de bom em cada dia, em vez de repetirmos o piloto automático do costume e ir mantendo o nosso coração em ponto morto, com o medo de arriscar. E arriscar não é sempre inaugurar caminhos novos. Às vezes, arriscar é ter simplesmente a coragem para olhar para trás. Afinal, foi lá atrás que o caminho começou. Foi lá atrás que começamos. E ninguém estará capaz de (se) recomeçar se não tiver a coragem de ver o que nos trouxe até aqui. (© iMissio)