II Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus deste II Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre a vocação, ou seja, o chamamento que Deus faz a cada um de nós e a nossa capacidade de entender e responder a tal chamamento.

I LEITURA (1 Sam 3, 3-10.19)
A primeira leitura relata-nos a vocação de Samuel.
O jovem Samuel era filho de Ana, uma mulher que era estéril, mas a quem Deus, em resposta às suas confiantes orações, concedeu a graça de ter filhos. Em agradecimento pelo dom recebido, Ana consagrou o seu filho para o serviço de Deus, no santuário de Silo, lugar onde se encontrava a arca da Aliança.  E é precisamente no santuário em que servia o Senhor sob a orientação do sacerdote Heli que o jovem Samuel é chamado por Deus para ser Seu profeta.
O autor relata-nos o episódio em que Samuel ouve e não identifica a voz de Deus, que o chama por diversas vezes. Entretanto, Heli compreendeu que era Deus quem chamava Samuel e orientou-o como devia responder ao chamamento: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta», ou seja, falai, Senhor, porque eu estou disposto a acolher no meu coração a missão que me destinares e a transformá-la em compromisso de vida.
Este texto diz-nos que a vocação é sempre uma iniciativa exclusiva de Deus e chama a atenção para o facto de que Deus, em muitas situações, se serve de outras pessoas para ajudar aqueles que são chamados a reconhecerem a Sua voz e a responderem ao chamamento.
Na verdade, todos somos chamados por Deus, porém, muitas vezes não estamos atentos ou não entendemos que Ele nos chama. Contudo, quando reconhecermos o seu chamamento devemos abrir os nossos corações para escutar a sua voz e responder como Samuel: “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”.

II LEITURA (1 Cor 6,13-15.17-20)
Na segunda leitura, retirada da primeira carta aos Coríntios, Paulo adverte a comunidade de Corinto sobre certos comportamentos imorais.
Corinto era uma cidade cosmopolita e politeísta, cuja população vivia de forma imoral e tinha comportamentos bastante desordenados no âmbito do uso do seu corpo.
É neste contexto que Paulo recorda aos cristãos de Corinto, uma comunidade que enfrentava imensas tentações devido à permissividade moral que imperava na época, que pelo baptismo o seu corpo tem uma profunda relação com Jesus Cristo (Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?)- e com o Espírito Santo (Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus?), pelo que entregarem-se à prática de quaisquer formas de imoralidade é não respeitarem a dignidade do corpo, que é “membro de Cristo” e” templo do Espírito”.
O que Paulo transmite aos Coríntios aplica-se totalmente aos nossos tempos. Hoje, também necessitamos que nos recordem que ser cristãos exige uma conduta moral adequada à nossa condição de baptizados e em coerência com a nossa opção por Cristo e pelo Evangelho.

EVANGELHO (Jo 1,35-42)
O Evangelista João fala-nos da vocação dos primeiros três discípulos, André, um outro não identificado e Simão Pedro.
Quando João Baptista ensinava os seus discípulos, reconheceu Cristo que passava e disse: Eis o Cordeiro de Deus. Em consequência deste testemunho, dois dos seus discípulos, André e outro, começaram a seguir Jesus.
Vendo que estava a ser seguido, Jesus vai ao encontro deles e interpela-os: Que procurais? Eles, tratando-O por Mestre, o que implicitamente demonstra a sua vontade de segui-Lo e aprenderem com Ele, respondem com uma pergunta: onde moras? Então, Jesus responde-lhes: “Vinde ver”. E perante este convite de Jesus, eles foram e decidiram permanecer com Ele.
A vocação dos primeiros discípulos nasce do testemunho que João Baptista e André deram de Jesus, identificando-O como o Cordeiro de Deus e com o Messias. João e André apontaram para Jesus, o que despertou nos outros a vontade de irem ao seu encontro e a tomarem a decisão de O conhecer e seguir.
Hoje, Jesus Cristo também nos diz “Vinde ver”, chama cada um de nós a conhecê-Lo e a segui-Lo, a ser seu discípulo. Será que respondemos afirmativamente ao chamamento?

II DOMINGO DO TEMPO COMUM