III Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus do III Domingo do Tempo Comum continua a falar-nos da vocação e diz-nos que o caminho a seguir para responder ao chamamento que Deus faz a cada um de nós é o de conversão pessoal e de identificação com Jesus Cristo.

I LEITURA (Jn 3,1-5.10)
A primeira Leitura fala-nos de Jonas que, depois de resistir a um primeiro chamamento, acaba por aceitar a missão de ser porta-voz de Deus para anunciar aos habitantes de Nínive a destruição da cidade.
Nínive era a capital da Assíria, um país inimigo dos Israelitas, cujos habitantes se deixaram corromper por práticas de idolatria, um pecado reprendido e punido por Deus.
Quando se esperava que a advertência de Deus não teria qualquer repercussão, sucedeu que os habitantes de Nínive se arrependeram da sua conduta, fizeram penitência e converteram-se, o que fez Deus desistir da sua intenção. Deus não quer a morte dos pecadores, mas que estes se convertam, vivam e consigam alcançar a salvação.
O objectivo do autor deste texto é o de salientar a misericórdia de Deus e o facto de que Ele ama todos os homens, sem excepção, e, ao mesmo tempo, colocar em relevo a disponibilidade dos habitantes de Nínive para escutar Deus e, em resposta, percorrerem o caminho de conversão.
Este texto deve fazer-nos reflectir sobre a nossa disponibilidade para responder ao chamamento de Deus, bem como sobre a nossa capacidade de usar o amor e o perdão em todas as circunstâncias da nossa vida.

II Leitura (1 Cor 7, 29-31)
Na breve passagem da carta que dirigiu aos Coríntios, S. Paulo diz-lhes que “o tempo é breve … o cenário deste mundo é passageiro”, pelo que as suas motivações não devem ser as realidades terrenas, mas sim as eternas. Na verdade, as coisas mundanas devem ser relativizadas e não absolutizadas, porquanto são todas efémeras, pelo que os Coríntios devem dar maior importância a tudo o que conduz a uma realidade definitiva, à vida eterna.
Paulo considera que o casamento, a alegria, a tristeza, a posse, assim como o contrário de tudo isto, pertencem a uma realidade de vida provisória e, por isso, perdem importância perante a definitiva.
Na verdade, o que Paulo transmitiu aos Coríntios, há mais de vinte séculos, continua a fazer sentido no tempo actual. Hoje também temos a tendência de considerar definitivo o que é somente provisório, esquecendo que o absoluto nesta vida é o Deus Amor, que se revela em Jesus Cristo, e os valores do Reino. A nossa existência é simplesmente uma peregrinação e, por essa razão, devemos ter sempre presente a nossa direcção e o final do caminho.

Evangelho (Mc 1,14-20)
O Evangelista Marcos, que nos acompanhará na grande maioria dos domingos deste ano litúrgico, relata-nos o princípio da missão messiânica de Jesus Cristo e o chamamento dos primeiros apóstolos.
As primeiras palavras de Jesus, segundo Marcos, foram: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Jesus diz que é chegada a altura estabelecida por Deus para dar cumprimento às suas promessas de salvação de toda a humanidade e anuncia o estabelecimento do Reino de Deus, um mundo novo, de paz e de amor. Mas para que isso aconteça, Jesus apresenta duas condições: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. Arrepender-se, que é essencial a uma verdadeira conversão, significa mudar de vida, aproximar-se de Deus, e acreditar no Evangelho significa acolher e crer na Palavra de Deus e viver em conformidade com ela.
Para colaborar na sua missão de anunciar e construir o Reino de Deus, Jesus chama os quatro primeiros discípulos, Simão e seu irmão André, Tiago e seu irmão João, todos pescadores, homens pobres e simples, que acolheram o chamamento, deixaram tudo e seguiram-No.
Hoje, Jesus também nos chama a segui-Lo, a ser seus discípulos, a colaborar com Ele na propagação do Evangelho e na construção do Reino de Deus. E nós, como respondemos? Será que respondemos de forma incondicional e com a mesma radicalidade dos quatro primeiros discípulos? Será que aceitamos o convite para lançar as “redes do Evangelho”, tornando-nos em “pescadores de homens”?

III DOMINGO DO TEMPO COMUM