V Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus do V Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre o sentido que têm o sofrimento e as perdas, realidades concretas da existência humana, e recorda-nos a mais importante missão que recebemos: anunciar o Evangelho.

I Leitura (Job 7, 1-4.6-7)
O Livro de Job, uma das mais extraordinárias obras da literatura sapiencial de Israel, relata-nos o sofrimento de um homem justo e temente a Deus, que passou pelas mais diversas provações, designadamente a perda da família, de todos os seus bens e, por fim, da saúde, o que o levou a ter atitudes de incompreensão e de revolta. Apesar do sofrimento, Job não aceita que tudo isto possa ser explicado com base na doutrina da retribuição, segundo a qual Deus castigava os maus pelas suas más acções e premiava os bons pelas boas. Deus não podia ser como um contabilista que registava as boas e más obras e, em função disso, compensava ou castigava o homem.
Job não aceita um Deus que procede segundo as lógicas humanas e luta incansavelmente para encontrar uma razão para o seu sofrimento. Apesar do seu sentimento de desânimo e da sua atitude de revolta, Ele busca encontrar em Deus uma resposta que o ajude a compreender a sua situação. No final, a sua fidelidade a Deus e a sua perseverança na fé acabam por fazê-lo compreender que Deus é o único que lhe pode dar a esperança de viver uma vida com sentido, mesmo no meio das maiores adversidades.
No pequeno texto de hoje, Job reflecte sobre a sua existência e conclui que é dura, triste e dolorosa. Não obstante o seu sofrimento e de se sentir injustiçado e abandonado por Deus, Job dirige-Lhe uma oração, pela qual pede que olhe para a sua situação e o ajude, porque acredita que Deus o escuta e pode vir em seu auxílio.
Que este exemplo de Job nos faça entender que, em todas as circunstâncias das nossas vidas, sobretudo nas que nos são mais adversas, não devemos perder a fé e continuar persistentemente a procurar a ajuda de Deus, pois Ele é o único que compreende o nosso sofrimento e permanece ao nosso lado, mesmo quando todos nos abandonam e tudo parece que vai desabar sobre nós.

II Leitura (1 Cor 9, 16-19.22-23)
Na segunda Leitura, extraída da carta aos Coríntios, Paulo fala de si próprio e do orgulho que tem por cumprir a missão que recebeu: evangelizar.
Para Paulo, anunciar o Evangelho não é motivo de glória ou uma obrigação, mas sim de uma disposição resultante do seu encontro com Jesus Cristo. Por isso, ele afirma: “Ai de mim se não anúncio o Evangelho”.
Paulo anuncia o Evangelho sem qualquer interesse pessoal, sem esperar qualquer recompensa, mas simplesmente para anunciar a todos a Boa-nova de Jesus Cristo, a salvação oferecida por Deus.
Os cristãos, como membros de Cristo e seus servidores, são chamados a anunciar o Evangelho e a fazer esse anúncio com espírito de gratuidade e de serviço aos outros. Como diz S. Paulo, “anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta”.

Evangelho (Mc 1, 29-39)
O Evangelista Marcos continua a apresentar Jesus como o Messias.
Na leitura deste domingo, Jesus aparece como resposta de Deus para curar os males deste mundo. Ele cura a sogra de Pedro e outros enfermos, atendendo assim a todos aqueles que O procuram e esperam que Ele cure os seus males.
Jesus prega e cura, perdoa e liberta do mal, dando sinal de que o sofrimento não tem lugar no projecto de salvação de Deus e de que esta passa por uma libertação integral da pessoa, o que inclui a cura de todos os males.
Um pormenor relevante é-nos dado por Marcos no final do Evangelho: Jesus retirou-se para um sítio ermo e começou a orar. Jesus reza, ou seja, dialoga intimamente com aquele que o tinha enviado, o Pai, antes e depois de cumprir a sua missão de anunciar o Reino e de curar as pessoas.
Seguindo o exemplo de Jesus, os cristãos devem buscar na oração, no diálogo com Deus, a força necessária para se aproximarem de todos aqueles que sofrem, principalmente os doentes, e ajudá-los a encontrar em Jesus Cristo o verdadeiro sentido da vida.

V DOMINGO DO TEMPO COMUM