Viver a Palavra

Evangelho de João 12,1-11

Seis dias antes da Páscoa, Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com os seus cabelos. Judas Iscariotes reclamou: por que não se vendeu este perfume por 300 moedas de prata, para dá-las aos pobres? Na verdade, destaca o Evangelho – ele não pensava nos pobres, mas era ladrão.

Como viver esse Evangelho no dia de hoje?

Duas atitudes em contraste: aquela mulher manifestou a sua gratidão a Jesus e derramou o perfume de 300 moedas de prata. Judas traiu Jesus por 30 moedas de prata. Que a gratidão esteja em nós e não o ímpeto de trair até mesmo Deus por dinheiro.

PALAVRAS DO SANTO PADRE

Hoje gostaria de refletir sobre uma palavra de Jesus. Seis dias antes da Páscoa – estamos mesmo à porta da Paixão – Maria faz este gesto de contemplação: Marta servia […] e Maria abre a porta à contemplação. E Judas pensa no dinheiro e nos pobres, mas «não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa, tirava o que nela se metia» (Jo 12, 6). Esta história do administrador infiel é sempre atual, sempre os há, até a um nível elevado: pensemos nalgumas organizações caritativas ou humanitárias que têm tantos empregados, tantos, que têm uma estrutura muito rica de pessoas e que no final chegam aos pobres quarenta por cento, porque sessenta é para pagar o salário de tantas pessoas. É uma forma de tirar dinheiro aos pobres. Mas a resposta é Jesus. E aqui quero parar: «Pobres, sempre os tereis convosco» (Jo 12, 8). Esta é uma verdade: «Pobres, sempre os tereis convosco». Os pobres estão aqui. Há muitos: há os pobres que vemos, mas esta é a mínima parte; o grande número de pobres são aqueles que não vemos: os pobres escondidos. A primeira pergunta que Jesus nos fará será: “Como te comportaste com os pobres? Deste-lhes de comer? Quando estavam na prisão, visitaste-os? No hospital, viste-os? Ajudaste a viúva, os órfãos? Porque eu estava neles”. E sobre isso seremos julgados. (Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 6 de abril de 2020)