Corpo de Deus: procissão na cidade do Porto

No próximo dia 8 de junho, o Cabido Portucalense promove na cidade do Porto a Procissão Eucarística na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. O percurso será alterado relativamente ao habitual, atendendo aos condicionalismos de trânsito no centro da cidade devido a obras: saindo da Igreja da Santíssima Trindade pelas 16h:30, a procissão seguirá pela Rua da Trindade, Rua de Fernandes Tomás, Rua de Santa Catarina, Praça da Batalha, Rua de Augusto Rosa, Rua de Saraiva de Carvalho, Calçada de Vandoma, em direção ao Terreiro da Sé, onde terminará com a Bênção do Santíssimo Sacramento, depois de uma alocução do Sr. Bispo do Porto.

Na procissão integrar-se-á o Povo de Deus em todas as suas expressões, seguindo o Bispo, que as autoridades da Região e da Cidade, emanação da sua população maioritariamente católica, igualmente costumam a acompanhar.

A Igreja leva neste dia o “Divino Sacramento”, em festiva e solene Procissão através dos domínios da existência humana. Percorre os caminhos do mundo, onde se joga o destino dos homens. Fá-lo cantando hinos de júbilo e de ação de graças, aspirando o perfume das flores e o aroma do incenso, e celebrando a Morte que abriu o caminho da Vida, proclamando, à face do mundo, a vitória do Ressuscitado em que deseja participar. Com esta manifestação pública da sua fé, os católicos querem simplesmente anunciar a todos a sua convicção de que Jesus Cristo é o seu único Salvador e que só na Eucaristia está o sinal da unidade, o vínculo do amor, a única força capaz de transformar a humanidade, tão ansiosa de união, na única família dos filhos de Deus, destinados a viver, em Cristo, na comunhão perfeita com Deus e com os homens.

Com intermitências episódicas por motivos circunstanciais, esta procissão realiza-se no Porto desde 1417. Era dispendiosa para a Cidade que a ordenava com pompa e aparato. Era da Câmara o Pálio que abrigava o Sacramento e era também a Câmara quem nomeava os cidadãos para ir às varas do pálio ou transportar os tocheiros. Em suma: sempre foi um espaço privilegiado de colaboração entre a Igreja Católica e as autoridades do poder local.

Hoje, em tempos de saudável laicidade, o Estado e a Igreja estão separados relacionando-se sem confusões nem interferências, no respeito pela autonomia de cada qual na respetiva ordem. Mas, porque a dimensão religiosa tem expressões não só individuais e privadas, mas também comunitárias e públicas, e porque os membros da Igreja Católica são também cidadãos da República, com plenitude de direitos, há um vasto campo em que o encontro, diálogo e colaboração, entre o Estado e a Igreja não só é possível como é desejável. A história e a sociologia do Porto “Cidade da Virgem”, confirmam isto mesmo.

(inf Cabido Portucalense)